Repórter Guaibense

Sabado, 08 de Fevereiro de 2025

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Carnaval e nossas responsabilidades

Festa Popular

Carnaval e nossas responsabilidades
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No último sábado foi retomado os festejos de carnaval e tivemos um grande espetáculo pelas ruas de nossa cidade.

O Carnaval é um período de festas populares realizadas durante o dia e à noite e as comemorações ocorrem todos os anos, nos meses de fevereiro ou março, começando no sábado e estendendo-se até a Terça-feira de Carnaval. No nosso caso foi um carnaval fora de época.

As festas de Carnaval são adaptadas de acordo com a história e a cultura local. Em geral, as pessoas dançam, comem e bebem alegremente em festas, bailes de máscaras, bailes de fantasias, desfiles de blocos, escolas de samba e trios elétricos.

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Historicamente falando, a data do Carnaval é definida por meio do critério que é utilizado para determinar a data da Páscoa. Esse critério foi criado no ano de 325 d.C. durante o Concílio de Niceia. As autoridades da Igreja Católica estipularam que a data da Páscoa seria marcada no primeiro domingo que acontece após a primeira lua cheia depois do equinócio de primavera/outono. Em seguida, contam-se retroativamente sete domingos para se chegar ao Domingo de Carnaval. Isso significa que, diferente dos demais feriados, o de Carnaval não tem um dia fixo, ao contrário, ele muda de acordo com o ano.

Pós a colonização, o Carnaval brasileiro tornou-se originalmente independente dos festejos de sabor africano (não consideramos a recaída baiana) e dos bailes de máscaras realizados na Europa pelos portugueses, de onde teria se originado. O Carnaval do Brasil adquiriu personalidade como cultura do seu povo. Vieram os sambas, as marchas e os frevos ensaiando e divulgando o comportamento e os sentimentos da população.

As pessoas se expressam muito no Carnaval, de uma forma muito particular, com um pouco mais de irreverência, talvez com um pouco mais de elementos cômicos. Talvez algumas vezes é um pouco mais de deboche mesmo, mas é um momento muito propício para sátiras, para satirizar pessoas, acontecimentos, situações.

Muitas destas manifestações, a população traz o contexto político, seja em seus temas quanto nas reclamações. E esta euforia das festas se relacionam com dois aspectos: a retomada das festas após o período do COVID e os movimentos de críticas a situação política de nossa cidade, me refiro especificamente da cidade de Guaíba.

Não é nenhuma novidade na história. Ao contrário, o debate político é constituinte da folia.

Mesmo o Carnaval da Idade Média, época de grande proeminência da Igreja Católica, estava baseado na premissa de inversão hierárquica e no desafio, mesmo que temporário ,às estruturas de poder. Na festa pagã, as fantasias destacavam padres bígamos ou homens vestidos de mulheres, como muito bem retratado no quadro de Pieter Bruegel “A luta entre o Carnaval e a quaresma”. A ordem era subvertida e, nesse processo, criticada.

No Brasil, em 1953, a marchinha “Maria Candelária” (Klécius Caldas e Armando Cavalcanti) falava da funcionária pública que fingia trabalhar. Em 1950, o Pedreiro Valdemar, de Wilson Batista e Roberto Martins, fazia “tanta casa e não tem casa pra morar”. Ainda antes, nos tempos de Getúlio, em pleno calor da Segunda Guerra, uma outra música brincava: “Quem é que usa cabelinho na testa e um bigodinho que parece mosca” ("Quem é o tal", de Afonso Teixeira e Ubirajara Nesdan). Em 2017, quase um século depois, a escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense saiu com um samba-enredo que fazia críticas aos latifúndios. Os exemplos de crítica social são incontáveis.

Apesar do contexto nitidamente propício ao debate e ao questionamento, este ano, a crítica em nossa cidade não veio através das Escolas de Samba ou até mesmos dos Blocos que deslfilaram felizes pela avenida Nestor de Moura Jardim, mas vieram através das redes sociais que questionaram os valores para estrutura do evento, comparando com a falta de estrutura na saúde e a recente crítica sobre o reconhecimento dos professores que não teve o repasse que reivindica.

TRAZER DISCUSSÕES POLÍTICAS PARA DENTRO DA FOLIA É MAIS QUE SALUTAR, É ALGO BASTANTE NATURAL.

Seja como for, a celeuma foi instalada,e comentários de toda ordem e críticas abertas movimentam as redes sociais que reclamam da falta de atenção em áreas como saúde e educação !

 

MAS QUEM SÃO OS VERDADEIROS CULPADOS?

 

Não podemos nunca esquecer de que O VOTO NÃO TEM PREÇO, TEM CONSEQUÊNCIA, se pararmos para uma breve análise das últimas décadas vamos ver que isso é verdade. O povo que não dá importância ao voto, achando que é apenas uma data, ou uma “obrigação sem compromisso” tende a contribuir para um mundo sem a devida mudança que tanto comemoramos no dia 01 de Janeiro cada ano.

A carnavalização no Brasil faz parte da política. Os protestos são feitos, em diversas ocasiões, acompanhados por música, cantos e bateria, além de fantasias e faixas que recorrem ao humor.

O contrário também é verdadeiro: o Carnaval é inegavelmente uma festa com traços políticos e aberta a esse tipo de disputa de discurso.

Ao longo deste e de outros Carnavais, ainda terão muitos outros disfarces, as músicas e os cortejos que farão menção ao aspecto político da nossa forma de nos relacionarmos terão novos contornos. Haverá crítica e controvérsia, bem ao gosto da tradição carnavalesca. As pessoas estarão na rua, criando suas dinâmicas e expondo sua forma de se viver.

Para uma sociedade como a brasileira, na qual o Carnaval marca até o “início real” do ano, trazer discussões políticas para dentro da folia é mais que salutar, algo bastante natural. Querer tirá-las, sim, seria esvaziar a festa de um dos seus maiores significados. Não podemos criticar o Carnaval, pois além de toda festa que movimenta toda comunidade, ela também serve como um momento de debate. Sua maravilha está justamente no fato de que ele é capaz de nos mostrar em caricatura, um espelho de nós mesmos, com nossas fraquezas, erros, acertos e, sobretudo, belezas.

Nossas Escolas de Samba juntamente com nossas comunidades, deram um verdadeiro SHOW na avenida, a estrutura montada para receber a população também ! ISSO É INEGÁVEL !

Agora, se a população tem críticas a fazer a Administração Pública, a solução NÃO É TERMINAR COM O CARNAVAL, OU QUALQUER OUTRA FESTA POPULAR QUE VENHA A TER, isso faz parte da cultura e traz muita alegria para cidade !

Caros leitores, é de suma importância corrigir as dinâmicas que definem o universo da política e de um modo eficaz, debelar as coisas que estão erradas através do diálogo, buscando nos representantes do povo respostas para nossas perguntas !

Caso isso não ocorra, o único remédio para combater a falta de respostas ao longo de uma gestão, só pode vir através do voto consciente e correto! 

Sem o envolvimento cidadão de todos, não será possível alcançar as metas de um país democrático, economicamente justo, socialmente igualitário, sem corrupção, sem violências, discriminação e com oportunidades iguais para todos.

Como de costume deixo uma frase para reflexão após o belíssimo carnaval que ocorreu em nossa cidade:

Todo carnaval tem seu fim, então ame, tenha fantasias, dance e cante... agora preste atenção:Na hora que a batucada parar, tire a fantasia e lembre-se do papel que temos na sociedade

 

Comentários:
Felipe Coimbra

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Felipe Coimbra

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