Sou fotografo desde 2011. Mas como tu se intitula fotógrafo? No meu caso, digo que sou fotógrafo desde quando iniciei minha trajetória no Guaíba Foto Club. E pertencer a um grupo da sétima arte fez eu crescer profissionalmente. Quem não sabe, trabalhei mais de três anos na Editoria de Imagem do jornal Zero Hora, maior veículo de jornalismo do Rio Grande do Sul. Era o assistente, o faz tudo. Para ajudar os mais de 20 fotógrafos, entregava equipamentos para irem às pautas, anexava as imagens e, às vezes, tiver a oportunidade de ir para rua.
Foi uma das melhores experiências da vida. Com certeza. Adquiri vários conhecimentos e, felizmente, me registraram como fotojornalista.
Mas, quais conhecimentos? Valor. Aprendi a dar mais valor aos colegas, que lutavam para registrarem os melhores momentos de suas pautas. E não é fácil, nada fácil. O Henri Cartier-Bresson, um dos fotógrafos mais lendários do mundo, dizia ao bom som que "fotografar é colocar na mesma linha a cabeça, o olho e o coração".
O coração. Sim, colocar o coração. Coração quer dizer paixão. Paixão pela arte. Paixão por querer transcrever a notícia através dos seus olhos. Mas essa paixão não é reconhecida por aqueles que acham que é "só uma fotinho".
Passa um filme pela minha cabeça ao escrever esse artigo. O título do filme seria "Fotografia não é só arte". Existem pessoas que vivem a fotografia, que respiram esta arte. Nunca esqueço que, na faculdade, tive duas disciplinas na área: Fotografia, com o mestre Rogério Soares, e Fotojornalismo, com Rafael Cappeleti. Além desses professores, tive meus grandes colegas de ZH.
Lembro de uma aula sobre leis, legislação de direito de imagem. Foi uma aula chata, cansativa. Foi. Mas o conteúdo era relevante, pois trazia a importância de valorizar o profissional de fotografia.
Menos de uma semana depois que eu deixei a redação da ZH, início de 2018, fui ao shopping Praia de Belas, em Porto Alegre. Parei numa loja e disse: quero uma máquina fotográfica. Comprei a mais simples. Quanto custou? R$ 2 mil e poucos reais. Sim, a mais simples custou tudo isto. Porém, pensando agora, naquela época não imaginava o meu futuro, não sabia que ia ser repórter do Guaíba Online e muito menos dono do Repórter Guaibense. Só queria como hobby, por que fotografia é paixão, coração.
Fotografia não é fotinho. Fotografia é arte. É mercado também.
Há algumas semanas que passou todos olharam nosso repúdio sobre a fotografia não autorizada no Jornal Costa Doce, veículo o qual não compactuamos com sua política de trabalho. Ainda mais por não terem jornalista com diploma, nossa principal bandeira. Não foi a primeira vez que isto aconteceu. Foi a terceira, e todas sem créditos.
Alguns leitores comentaram o repúdio como "papo furado" ou até mesmo por estar querendo pegar dinheiro com indenização. Mas o que é indenizar? Não queremos uma indenização somente por arrecadar dinheiro, mas sim mostrar a todos que para fazer jornalismo precisa de conhecimento, para fazer fotografia precisa de conhecimento, paixão pelo que faz e arte, para fazer arte precisa ser defensor da arte e da cultura, e para fazer cultura precisa lutar pela cultura.
O Repórter Guaibense não tolera qualquer atitude imoral e ilegal, principalmente que põe em risco a valorização dos nossos bens artísticos que a sociedade usufrui.