Convidei Dom Barulho para falar sobre o Repórter, afinal dia 16 de fevereiro comemora-se o dia desse trabalhador incansável dos eventos, das epopeias, dos fatos e relatos de toda e qualquer natureza.
Sentamos a beira do fogo grande, uma noite dessas viajando entre sonhos e devaneios mundanos. Dom Barulho me serve sempre de conselheiro, um maestro com as ideias e o conhecimento, trazendo na simplicidade sua forma mais perspicaz de ensinamento.
Perguntei de supetão, já que ele me mirava de soslaio enquanto empurrava o pai de fogo mais para o canto, mermando a chama e atiçando o braseiro. Isso nos deu um ar taciturno, mas sem melancolia, coisa meio que pessoal desse velho avô campeiro, tentando dar ênfase ao assunto.
Sentou ao pé do fogo, puxou a cambona com o gancho de metal, serviu mais um mate, me alcanço e pediu para sorver com calma que a prosa era longa.
O repórter é um misto de bombeador com rastreador, adicionado de toques dos letrados escritores antigos. Também carregam as vezes alguma coisa de filósofos e pensadores, mas é como tudo na vida meu neto, há o que se compromete e vive pela causa da verdade, do fato transparente e como é, para que seu leitor se prenda pela veracidade. Outros se deixam levar pela fantasia, por adicionar pitadas de ilusões manipulando seus leitores. O bombeador pode transcrever a paisagem, os caminhos e seus reveses com precisão e maestria, assim como o rastreador pode perseguir caça, inimigos e caminhos relatando com precisão tudo o que visualizou, mas também pode ao contrário. Assim são os seres desse mundo tão carentes da verdade e da sinceridade, em todos os sentidos.
Só se vendem mentiras aos que querem comprar, só se vende um boi magro e doente ao que não conhece da lida. Pode ser mediocridade ou crueldade, não há como medir, mas a mudança está em nós meu neto. Nós é que precisamos escolher mais as verdades e abolir as mentiras, quebrar as correntes do que só carrega a maldade na palavra e nos prendermos ao ensinamento libertador dos livros e dos jornais que entregam a luz para caminhar em meio a escuridão.
Como medir? Não sendo bitolado a crer em tudo o que lê, tudo o que vê e tudo o que escuta. Ser questionador e buscar por força própria as respostas. Quem espera sentado, pode ter as pernas atrofiadas, se me entende?
Eu escutei Dom Barulho e lembrei do meu comandante Pedro Molnar. O cara que sem ao menos me conhecer pessoalmente, apostou nas minhas mal escritas linhas. No homem íntegro que reuniu pessoas maravilhosas para escrever sobre temas diversos pensando em entregar a comunidade guaibense o melhor que um jornal pode dar.
Pedro que incansavelmente faz cobertura de eventos de toda a conotação nessa cidade. Estava nas eleições, nos festejos religiosos, tradicionalistas, urbanos, na linha de frente da sucessão política, na cobertura da pandemia, na luta pela cultura, enfim como adjetivar alguém que quebrou as correntes e decidiu trazer ao povo o que é do povo, a realidade, a verdade e os fatos.
Por isso digo que esse é meu comandante, além do mais manter de pé um jornal numa cidade pitoresca como Guaíba tem que ter tutano, tem que despertar o interesse na leitura, buscar apoiadores e patrocinadores, trazer gente competente para escrever e compor as colunas semanais.
É meu povo não é fácil, meu avô diria que não é pra qualquer guaipeca, meu comandante tem tutano nos ossos e sangue nas veias, foi de encontro ao sonho e trouxe pra gente um Repórter Guaibense que carrega sua índole e seu ímpeto de fazer da verdade dos fatos a bandeira de liberdade.
À ti meu comandante essa coluna, meu respeito e reverência, parabéns pelo dia do Repórter e por ser essa pessoa maravilhosa!
Vida longa aos que sonham revirar as folhas das falácias para trazer o sumo da verdade à tona.