Do dicionário (antirracismo): substantivo masculino, movimento, opinião ou sentimento de oposição ao racismo. Dito isto, o que é uma educação antirracista? É uma educação que entende que vivemos e convivemos com o racismo na sociedade a qual estamos inseridos, e que oportuniza espaços para o conhecimento e discussão acerca do assunto, além de ofertar estratégias e ferramentas para combatê-lo.
A educação antirracista vai muito além da Lei 11.645/2008, que inclui no currículo nacional da educação básica o ensino obrigatório da cultura e da história afro-brasileira e indígena. A lei é importantíssima no sentido em que propõe a temática, afinal a escola é uma potente aliada no combate ao racismo, visto que neste espaço ele também existe e se manifesta com frequência, de várias maneiras, mais ou menos veladas.
Outra questão não menos importante é a representatividade, fator que pode e deve ser explorado em todas as áreas da sociedade e pode ser um espetacular objeto de estudo e pesquisa escolar. O negro e sua representatividade em setores como a economia, artes, esportes, ciência e tecnologia, cultura, história, educação, política, entre outros. Uma ferramenta poderosa para introduzir e/ou explorar este assunto é a literatura infantil e a infanto-juvenil, com uma gama rica em obras nesta temática.
É preciso promover uma educação antirracista, que vá além dos livros didáticos, pois em sua maioria trazem uma visão eurocêntrica, trazer a pauta então uma visão própria das lutas do negro no Brasil, a sua cultura e o seu papel na formação da nossa sociedade. A exemplo disso, podemos citar a história do “Quilombo dos Palmares” e seus líderes Zumbi e Dandara, entre outras que pouco ou quase nada são citadas nos livros didáticos, mas de extrema importância para a contextualização histórica brasileira.
A educação antirracista auxilia a dar valor e identidade e a protagonizar a trajetória dos diferentes povos que formam o nosso país, e através destes movimentos, promover o sentimento de pertencimento nos espaços, em especial, ao espaço escolar, muitas crianças experimentam o racismo na escola, por este motivo, estimular a diversidade, empatia, solidariedade e respeito, através das ações e posturas adotadas é de suma importância. Enfim gerar uma cultura de paz, da escola para a vida.
A cultura afro-brasileira é riquíssima, vai muito além do gingado do samba e dos sabores da culinária, canta e dança pelo hip hop e o rap, diverte-se pelo futebol e capoeira, colore-se pela arte e vestuário, mas também desenvolve-se na tecnologia e ciência, encanta pela literatura e cinema, instrui pela educação e pesquisa, entre tantos outros setores da sociedade. Buscar e mostrar brasileiros negros que se destaquem nestas e em outras áreas traz representatividade e legitima a cultura de valorização, de pertencimento.
É preciso que o PPP (Projeto Político Pedagógico) da escola contemple a pauta antirracista. E sem dúvida, praticar o tema o ano inteiro e não apenas em novembro, alusivo ao “Dia da Consciência Negra”, não que esta data não deva ter destaque, deve sim, porém não podemos restringir o assunto a um mês apenas. Enfim, é preciso que a escola acolha, promova e estabeleça o diálogo, não tolere qualquer tipo de preconceito, reforçe a cultura da paz, de janeiro a janeiro!
Encerro esta coluna citando Nelson Mandela:
“Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor da sua pele, ou sua origem, ou sua religião. As pessoas têm que aprender a odiar, e se elas podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto.”