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Terça-feira, 30 de Setembro de 2025

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Bully Romance: a nova febre literária veio para ficar?

É preciso refletir sobre mais um tipo de escrita que fomenta a violência

Bully Romance: a nova febre literária veio para ficar?
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Bully Romance é um subgênero do romance onde a relação dos personagens começa através do bullying e, posteriormente, se desenvolve para o amor.

Não são livros com relações saudáveis e é indicado a quem gosta de consumir livros mais polêmicos, com personagens mais intensos. Ele é como se fosse uma “porta de entrada” para o dark romance.

Mas aí você se pergunta, o que é esse dark romance?

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A principal diferença é que no bully romance existe uma relação de dominância entre as personagens. Ou seja: um pratica bullying contra o outro, até isso se tornar uma relação afetiva. Esse que pratica bullying tem mais traços de ser um anti-heroi (ou uma anti-heroína).

Enquanto no bully romance existe uma relação de dominância entre as personagens, e um pratica bullying contra o outro até isso se tornar uma relação afetiva, o dark romance pode ou não trazer essa relação de dominação.

E, para além disso, no dark romance, os personagens são abordados de forma igual: ambos são anti–herois, que é quando as duas partes de um casal são pessoas de caráter duvidoso ou que estão envolvidas em esquemas ilegais ou imorais.

Apesar dessas diferenças, o bully romance tende a ser mais tranquilo se comparado à proposta de um dark romance, onde geralmente se passa em universos de pessoas mais jovens, como a escola e a universidade. Neste subgênero, a presença de histórias eróticas  é muito menor se comparada ao dark romance, que retrata temáticas como máfia, drogas, gangues, sexo explícito e etc.

Isso parece um enemies to lovers.

Sim, mas não.

O bully romance pega esse fator mais de anti-heroísmo, da dominância e de se passar em ambientes mais colegiais, já o enemies to lovers pode se passar em qualquer lugar e situação, além do seu diferencial: os protagonistas geralmente são opostos.

Porém, eles não ficam se torturando psicologicamente nem fisicamente, é muito mais uma implicância, uma rusga. E geralmente tem aquela conveniência de eles não escolherem passar por algo juntos, mas aí acontece alguma coisa que faz com que essas pessoas tenham que conviver e se aturar, e aí eles desenvolvem um romance.

Ao contrário do subgênero que anda dando o que falar.

Foi o caso que repercutiu recentemente, no Twitter. Uma leitora compartilhou o trecho de um livro onde o protagonista enfiava a cabeça do seu par em uma panela de molho. 

No bully romance, existe essa violência velada através da possibilidade de desenvolvimento do casal. A leitora em questão e outros apaixonados pelo subgênero, defenderam a ideia de que se sabe sobre a temática e se entende que ela faz sentido.

Ou seja: quem busca livros assim já sabe que, haverão cenas fortes e violentas, mas aceita porque isso se transformará em um relacionamento amoroso.

Mas a gente não aceita.

É claro que não condiz com o pensamento dessa coluna que vos fala. Enquanto criadores de conteúdo, mas acima de tudo, leitores. 

Sabemos da pluralidade da literatura e da importância de termos a identificação de vários fatores para melhor identificação do leitor, porém, há de se refletir sobre a relevância de categorizarmos mais um tipo de escrita que fomenta a violência e representa um retrocesso.

Antigamente, e nem precisamos ir longe, como no início dos anos 2000, havia uma onda crescente de casais “tóxicos” sendo abordados na literatura e no cinema com naturalidade.

O menino popular fazendo bullying com a menina feia. Mas tudo bem, porque ela “não é realmente feia e eles vão ficar juntos”. A superficialidade dos protagonistas e a violência presente nas sutilezas dessas relações deveriam ficar no passado.

Amar alguém que agride, física ou mentalmente, está longe de ser o ideal de romance em pleno 2023. E você, o que acha desse subgênero?

De novo ele não tem nada. Pelo contrário: já passou faz tempo. 

 

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Fevi e Camilla

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Fevi e Camilla

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