"Jogar carta é uma terapia". É assim que quatro mulheres de Guaíba consideram jogar canastra todas às quartas-feiras na casa da Suzete Vonn Appen, no Loteamento do Engenho, há quase 27 anos.
Suzete, Zelete Alves, Rosaura Kalata e Tânia Motta iniciaram essa história exatamente na noite do dia 6 de maio de 1997 num tradicional encontro de homens no Sport Club Itapuí, e não pararam mais. Era o clube do bolinha e o clube das luluzinhas.
"Era o clube do bolinha. Nesse mesmo dia resolvemos jogar, eles iriam para um lado e nós para outro. Nós éramos o clube de luluzinha. Então começamos a jogar, mas todo mundo dizia que não iria durar nada, que não iria longe", Rosaura.
Elas recordam de muitas viagens, aniversários, churrascadas, das amizades e de um dia inusitado na residência da Zelete. No início, numa época que havia muitas ocorrências de assalto na cidade, logo após que começaram a jogar elas ouviram um barulho e Zelete foi no segundo piso da casa pagar uma revólver. Sim, um revólver calibre 32.
"Eu disse para elas ficarem tranquilas, quietinhas, que iria lá em cima pegar a arma. Fui lá e desci com o revólver. Mas havia muito tempo que o revólver não era usado e fui colocar Jimo Penetril [produto altamente lubrificante que auxilia na prevenção da ferrugem], quando olhei as gurias estavam embaixo da mesa apavoradas. Foi muito engraçado", conta Zelete.
Para Rosaura, o jogo é a nossa terapia. "A gente vem para cá e brinca, joga conversa fora e o Juarez [marido de Suzete] faz a janta para nós. É melhor que uma psicóloga, não tirando mérito profissional, mas a gente brinca, a gente ri, a gente se diverte e se tiver que chorar a gente chora também. Isto não tem preço", conta.
Comentários: