Há duas semanas, a advogada Fabiane Borba assumiu a gestão da Secretaria Municipal de Causa Animal em Guaíba. Com 14 anos de experiência na gestão de políticas públicas voltadas aos animais domésticos, tendo sido secretária municipal em Canoas, ela concedeu entrevista ao Repórter Guaibense e destacou o trabalho que pretende realizar à frente da pasta nos próximos quatro anos. Para ela, o objetivo é somar forças com os protetores da cidade.
Atualmente a secretaria e a clínica veterinária municipal prestam serviços de castração, atendimento a cavalos soltos em vias públicas e acolhimento de animais em situação de vulnerabilidade. O município conta com cerca de 80 animais aptos à adoção, a maioria resgatada da enchente que atingiu grande parte da cidade em 2024, que recebem atendimento em um albergue terceirizado. "Eles não podem ficar invisíveis", frisa.
Ela definiu alguns eixos prioritários para sua gestão, como a descentralização do serviço da clínica veterinária municipal, o combate aos maus-tratos, a ampliação das castrações e o incentivo à adoção responsável. "São números pequenos em comparação ao tamanho do desafio que a cidade enfrenta hoje, temos muitos animais em situação de rua e a política pública precisa ser pensada principalmente com foco no controle populacional. Venho com esse objetivo e com as experiências que já tive, avaliando o que funcionou e o que não funcionou, para tentar adaptar essas vivências à realidade de Guaíba", destaca Fabiane.
Com apenas um veterinário no momento, a clínica oferece cirurgias gerais e recentemente quase dobrou o número de atendimentos veterinários à população (os agendamentos devem ser realizados pelo site da prefeitura). "Daqui a quatro anos queremos uma clínica mais robusta, com mais consultórios e uma quantidade considerável de castrações disponíveis. Quero entregar uma cidade reconhecida no estado por suas políticas públicas voltadas à causa animal. Temos quatro anos para isso. Não estamos começando do zero, mas há muito trabalho a ser feito em um período que não é tão longo. Quero deixar um legado e um trabalho consolidado para que os próximos gestores deem continuidade e ampliem cada vez mais", complementa.
Fabiane também demonstrou preocupação com o aumento dos casos de esporotricose felina, doença que pode afetar tanto humanos quanto animais por meio de arranhaduras ou mordidas de gatos contaminados, e a efetividade da lei municipal que proíbe o uso de veículos de tração animal, como carroças. "Não tem como nós aturar mais esse comportamento, é agressivo, então precisamos mudar esse cenário. Queremos adotar os modelos que fizemos em Canoas, efetivos e mais rápidos, até para dar dignidade às pessoas. Não é só a questão do cavalo que me incomoda, me incomoda a pessoa estar num trabalho totalmente degradante e desumano", afirma.
Ela iniciou sua trajetória na área em 2011, na então Coordenadoria de Políticas Públicas para Animais Domésticos de Porto Alegre, participando posteriormente da criação da secretaria especial no governo do prefeito José Fortunati, como assessora jurídica. Uma de suas principais conquistas foi a construção do primeiro hospital veterinário público do Brasil, com investimento de R$ 7,5 milhões do empresário Alexandre Grendene.
Posteriormente, assumiu a titularidade da Secretaria Municipal de Bem-Estar Animal em Canoas, durante a gestão do prefeito Jairo Jorge, ampliando em 250% os atendimentos veterinários apenas nos dois primeiros anos. No entanto, o maior desafio foi durante a enchente que assolou grande parte do Rio Grande do Sul em 2024. Antes da tragédia, a cidade abrigava cerca de 120 animais; após o desastre, esse número saltou para 9 mil distribuídos em 38 abrigos. Todos foram atendidos, castrados rapidamente e adotados em campanhas promovidas na cidade, que foi a primeira a encerrar todos os abrigos emergenciais gerenciados por voluntários — em apenas dois meses.
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