Morreu nesta segunda-feira (29) o escritor, poeta e professor guaibense Renato Lacerda Isquierdo. Ele estava internado no Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, com complicações da covid-19.
Isquierdo nasceu em Guaíba, cidade onde sempre morou. Nas horas de lazer adorava tocar violão, jogar xadrez, ler romances e escrever poemas. O escritor era formado em Letras pela ULBRA e especialista em Ensino de Língua Portuguesa na Educação Básica pela PUC-RS. Além disso, lecionava Língua Portuguesa e Literatura nas escolas Augusto Meyer, Evaristo da Veiga e Rio Grande do Sul.
O autor participou de inúmeras antologias poéticas e, em 2018, lançou um livro de poemas As Aves Solitárias da Poesia, pela editora Sob Medida e, em 2019, a obra infantil O Velho e a Bola. Divulgava seus contos e poesias na página do faceboook "A Poesia de Renato Isquierdo".
Veja poesias escritas por ele:
A Morte do Poeta
Não! Está enganado quem diz que um poeta morre.
Um poeta não morre,
Um poeta vive!
Viverá para sempre
Nas palavras de amor que cantou,
Nas ilusões que ingenuamente acreditou.
Um poeta carrega uma estrela dentro de si.
Ali estão todos os sentimentos que sentiu,
Toda a felicidade, tão grande no coração
De um poeta.
Não, um poeta não morre!
Um poeta voa...
Voa para o céu
Como um pássaro solto no mundo,
Talvez toda a liberdade ainda seja pequena
Na alma do poeta.
Um poeta é aquela linda estrela
Pintada no céu.
É o amante que canta suas dores para a lua.
Se veste de tristezas como a noite,
Mas brilha forte no início do dia.
Um poeta é sol... é intenso... é vida!
Um poeta jamais morrerá!
Será eterno em tudo que sentiu, em tudo que viveu.
E haverá qualquer mistério na vida de um poeta
Como um belo fim de tarde,
Como um sol que nunca se pôs.
Um poeta viverá
Mesmo quando a máquina das horas enferrujar,
Quando as folhas secarem em um lindo dia de outono.
O poeta viverá na própria poesia que deixou.
Das páginas amareladas da história, a sua voz virá
Para lembrar os homens de que vale a pena viver.
Um poeta será um amor sem fim,
Como uma flor que, embora vencida pela tempestade,
Ainda exala seu perfume pelo jardim.
Grande amor
Beijo a flor, que me faz sofrer,
Que não pensa em minha dor.
Beijo a flor, que não consigo esquecer,
Mas que se despede do meu amor.
Voa alegre o beija-flor,
Cantando minha dor.
Segue a vida sem pressa,
Deixando de lado meu amor.
Beijo a flor, que me faz padecer,
Mas já convivo em paz com essa dor.
Beijo a flor, que castiga meu ser,
Mas já me tornei escravo desse amor.
Voa longe o beija-flor,
Que já não canta minha dor.
Encontro e despedida
Um poeta se encontra com sua poesia,
Quando escreve apenas por pura distração,
Quando se despe de qualquer vestígio de seriedade,
De qualquer ideia tola de vaidade.
Um poeta encontra amparo na sua poesia,
Quando sente toda a fraqueza humana
Revelada na alma,
Quando não é mais do que uma caneta sobre o papel.
E assim ele vai arrancando suas dores, esperanças…
E jogando tudo sobre a mesa em forma de poesia.
Um poema é um texto perfeito que nasce
Das imperfeições de quem escreveu.
E assim o poeta descobre a sua poesia,
E assim o leitor mastiga docemente
Os sentimentos jogados no papel.
E a vida! Ah, a vida segue normalmente,
Enquanto o poeta se despede do poema que escreveu.
Além da própria vida
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