O ano de 2024 começa com a epidemia da dengue presente em 93% dos municípios gaúchos. No ano passado morreram 54 pessoas no Rio Grande do Sul e neste ano já foram duas. Guaíba teve 19 casos em 2023 e neste ano já são nove casos suspeitos.
A secretária municipal da Saúde, Eliane Ribeiro, reforça a necessidade de se manter os terrenos sem água parada, de se revisar diariamente os vasos de plantas, piscinas e caixas d’água, por exemplo. “Dessa forma, cada morador de Guaíba se sinta responsável pelo combate à dengue”, disse. Segundo ela, a prefeitura segue com as visitas domiciliares, com as inspeções de imóveis, com o monitoramento e acompanhamento dos casos suspeitos, além das ações de limpeza em locais críticos para a doença (com o comitê das arboviroses).
O Rio Grande do Sul já registrou, até o momento, 5.163 notificações de casos suspeitos de dengue. Desse número, 2.534 foram confirmados. A SES reforça que é importante as pessoas procurarem atendimento médico nos serviços de saúde assim que perceberem os primeiros sintomas.
De acordo com o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento, o infectologista Alexandre Zavascki, até o dia 5 de fevereiro deste ano, a quantidade de casos confirmados da doença na instituição foi cinco vezes maior do que o registrado nos meses de janeiro e de fevereiro de 2023. A boa notícia é que nenhum desses pacientes apresentou a forma grave da enfermidade.
Entretanto, é preciso que a população esteja atenta e faça a sua parte, reduzindo os focos de reprodução do inseto. A Secretaria Municipal de Saúde da Capital já emitiu alertas aos profissionais de saúde, ressaltando o aumento de casos, a importância do diagnóstico, da proteção individual e das medidas para o controle do mosquito vetor da doença.
Quais são os sintomas da dengue?
● O principal sintoma da chamada dengue clássica é a febre, que costuma ser alta (39-40°C) e de início súbito. Dor de cabeça, em especial atrás dos olhos, dores no corpo e dor nas articulações também são comuns. Manchas vermelhas pelo corpo aparecem na metade dos casos, mas nem sempre são identificadas pelo paciente. Outros sintomas que podem aparecer são perda de apetite, enjoo e vômitos.
● Em crianças, pode se apresentar, dependendo da idade, como recusa alimentar, indisposição, sonolência, vômitos e diarreia. Em menores de dois anos, é importante atentar para choro persistente e irritabilidade.
● A febre dura no máximo sete dias, mas nos casos que evoluem para formas graves, incluindo a dengue hemorrágica, os chamados sinais de alarme podem aparecer do terceiro ao sétimo dia. O paciente precisa estar atento ao aparecimento de dor abdominal contínua, vômitos persistentes, pressão arterial baixa, sangramento de mucosas (sangramento gengival, por exemplo) e/ou alterações do nível de consciência (letargia, irritabilidade). Na presença desses sintomas, o paciente deve procurar um centro de saúde imediatamente. Outros sinais podem ser detectados pelo médico, como aumento do fígado e sinais de extravasamento de líquido pelos capilares (pequenos vasos sanguíneos), como ascite e derrame pleural.
● O principal fator de risco para as formas graves que podem levar ao óbito é ter apresentado dengue por um tipo diferente anteriormente. Porém, é preciso estar atento que os exames diagnósticos utilizados na prática clínica não indicam qual o tipo de dengue que o paciente se infectou. Além disso, o quadro anterior pode ter sido uma forma leve com poucos ou até sem sintomas e não ter sido diagnosticada. Portanto, todos devem estar atentos aos sintomas que indicam evolução para um quadro grave.
Como é feito o diagnóstico?
● O diagnóstico é confirmado por meio de exames laboratoriais. Se o paciente procurar atendimento nos primeiros cinco dias do início dos sintomas, o exame realizado é a detecção do antígeno NS1 no sangue. Após o 5º dia de início dos sintomas, o diagnóstico deve ser confirmado pela pesquisa de anticorpos contra o vírus da dengue.
Como é feito o tratamento?
● A maioria dos pacientes com dengue clássica é tratada no seu domicílio, com hidratação, repouso e medicamentos sintomáticos. A febre desaparece em sete dias, porém, a fadiga e, eventualmente, algum outros sintomas podem durar mais tempo.
● A dengue grave, incluindo as formas hemorrágicas, é tratada a nível hospitalar.
Como prevenir?
● Utilizar repelente; fique atento à embalagem do produto para ver se apresenta ação contra o mosquito Aedes aegypti;
● Cobrir a maior parte do corpo quando possível;
● Colocar telas em janelas e porta.
● Fique atento: diferentemente de outros mosquitos, o Aedes aegypti tem hábitos diurnos e costuma picar as pessoas do início da manhã até o início da tarde.
● A vacina contra a dengue está disponível em clínicas de vacinação para indivíduos dos quatro aos 60 anos de idade, com ou sem dengue prévia;
● Controlar o mosquito é fundamental e tarefa de todos. Elimine focos de água parada: vasos, folhas de plantas, objetos abandonados podem acumular água, que é onde o mosquito fêmea deposita os seus ovos. Tampe calhas e qualquer outro reservatório de água. O aumento das chuvas e o calor favorecem a proliferação das larvas do mosquito.
● Em Porto Alegre, 80% dos casos de dengue são provenientes da zona leste da cidade, mas em todos os locais já foi registrada a presença do mosquito transmissor.
Comentários: