Em uma eleição histórica, Marcelo Maranata (PDT) consagrou-se como o prefeito que recebeu o maior percentual de votos entre todos os municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, com 79,18% dos votos válidos (40.966), contra 18,76% de Cleusa Silveira (PSDB) e 3,06% de Guilherme Schneider (PSOL). Sua vitória o tornou o prefeito com o maior percentual de votos entre os municípios com até 80 mil habitantes e a maior votação da história da cidade que completa 98 anos no dia 14/10 , refletindo a confiança dos eleitores em seu plano de governo, que visa continuar promovendo o desenvolvimento econômico, social e sustentável na cidade e na região. Em entrevista, ele destaca as prioridades da segunda gestão.
Senhor prefeito, qual sua avaliação sobre o resultado dessa eleição, sendo o prefeito mais votado da história da cidade?
Pra mim foi uma surpresa, né. Diante de todos os acontecimentos da cidade e as dificuldades que a gente enfrentou, praticamente nos meses antes da eleição, sem dúvida, foi uma aprovação surpreendente na urna. Não só comparado com os outros prefeitos da história de Guaíba, mas é mais que o dobro da minha votação anterior. Fiz 18 mil votos na outra eleição e nesta quase 41 mil. Com quase 80% da votação, sou o prefeito mais bem aprovado do estado do Rio Grande do Sul entre as cidades com mais de 80 mil habitantes.
Se comparado com os prefeitos que foram cometidos com a enchente, Eldorado do Sul não reelegeu, em Canoas acho que o prefeito Jairo Jorge não é reeleito e o Sebastião Melo ainda depende do resultado do segundo turno. Fomos a sexta cidade mais atingida pela enchente do nosso estado, e, a maioria das cidades não está conseguindo renovar mandato.
Com a aprovação que a gente teve, demonstra que a gente esteve ao lado da comunidade o tempo todo e que as nossas decisões foram as mais acertadas e possíveis diante de uma catástrofe que nunca ninguém vivenciou. Acredito que a gente tomou as decisões mais é acertadas e aprovadas, pelo menos pela urna, inclusive nos bairros atingidos. Nós ganhamos em todos os bairros.
E o secretariado? Já está pensando na formação do secretariado?
Nós não começamos a falar sobre esse assunto. Temos que encerrar o mandato, tem toda uma prestação de contas, então dentro das nossas obrigações a gente precisa encerrar as contas do mandato para depois abrir um novo mandato.
Dos 17 vereadores eleitos neste domingo, 15 o apoiaram na sua reeleição. Como você pretende negociar cargos com esses vereadores?
Isso é uma coisa que muito tranquila porque a gente foi pra eleição sem fazer acordo nenhum, não tem acordo com ninguém. Os partidos escolheram estar conosco por acreditar no projeto. Agora é montar uma nova estrutura, claro, respeitando os partidos que estavam conosco. Sempre a gente faz uma composição tentando juntar o máximo de técnico, conhecimento e a participação política. Vamos escolher dentro dos quadros dos partidos quem tem o maior conhecimento para assumirem as pastas.
Sou o prefeito que teve o maior número de candidatos à vereador da história, eu tinha 120 poucos candidatos na outra e nessa nós fomos com cerca de 230. Vai ser difícil alguém bater esse número de apoiadores, e de apoiadores voluntários, pois não fizemos acordo com ninguém. Os partidos vieram porque se sentiram identificado com o nosso projeto, e não vieram porque teriam um benefício A ou um benefício B.
E a eleição para vereador te surpreendeu?
Surpreendeu, algumas mudanças me surpreenderam. Achava que o PP faria mais uma cadeira, que o PL talvez fizesse a terceira cadeira e que o PSD conseguisse eleger o Graciano ou o Cléber. Destaco a força do PDT e do Podemos, a Deisi [sua esposa] é a presidente estadual do Podemos Mulher e a gente no PDT. Os dois partidos juntos já fizeram a maioria na Câmara.
Pensando em futuro agora, quais serão suas prioridades?
A gente vai abrir um diálogo com a educação, a educação é um local onde eu não pude entrar no primeiro governo. Nós não entramos porque primeiramente as salas de aula estavam fechadas devido a pandemia. Os professores estavam em casa e os alunos estavam em casa, inclusive ganhamos um prêmio nacional da ministra Carmém Lúcia pôr a gente ter colocado internet nas casas das crianças de baixa renda. É prioridade pra mim efetivamente entrar nos colégios, nas escolas, na educação infantil, e ter um diálogo com a comunidade escolar. Professor, pai e aluno.
Foi muito ruim nossa relação inicial, primeiro devido esse distanciamento social e depois teve o oportunismo do presidente da época [Jair Bolsonaro] que lançou um piso nacional impossível de pagar professor. Ele esqueceu que tem prefeitura que tem plano de carreira, então, se eu desse o piso eu não conseguiria pagar a folha de pagamento. E, num trabalho bem conduzido e no meu entendimento esclarecedor, o sindicato sempre deixava as reunião distorcendo as informações. Foi visto nessas eleições que houveram interesses políticos. Eles não foram bons negociadores, porque acabaram na verdade prejudicando a categoria. A categoria ficou sem aumento do vale-alimentação por culpa deles, né.
Ele usaram o sindicato para fins políticos e, se continuar na próxima gestão, o diálogo sempre será prejudicado. Eles tem que entender que estão defendendo a categoria, e não interesse próprio.
E a questão do hospital da Unimed?
A gente fez um plano operativo com o governo do estado, aprovamos no governo federal. Nós iríamos comprar mas conseguimos o investidor que está fazendo aquisição e vai trabalhar com 60% SUS e 40% privado. Mas isso ainda tá no âmbito da aprovação dentro do conselho administrativo da Unimed, porque, da mesma forma que aprovou a venda ao município, agora está passando nos tramites internos para que esse projeto seja efetivado. Está tudo de pé, graças à Deus. Ali vai ter oncologia, traumatologia de alta complexidade, centro obstétrico e bloco cirúrgico.
O nosso hospital vai sofrer uma reforma bem importante, ele continua sendo um hospital de média complexidade com alguma coisa de alta complexidade. Por exemplo, agora a gente está botando prótese inteira de joelho. Já fizemos mais de cem cirurgia de prótese de joelho e de quadril. Nossa ala psiquiátrica está funcionando, sendo uma das mais modernas, e o tomógrafo também. No final deste ano inauguramos o centro de especialidades. Capaz de nós entregar duas reformas importantes no final deste ano, o centro de especialidades e o ginásio esportivo da Cohab-Santa Rita.
Você pretende concorrer à presidência da Famurs e Granpal?
Continuo como presidente da Granpal até abril do ano que vem, temos ações bem importantes, como cobrar do governo do estado a dragagem, o desassoreamento e efetivamente a liberação da mineração das jazidas. Eu devo fazer um encontro de prefeitos do Brasil, trazendo aí os prefeitos das capitais e convidar os prefeitos do Rio Grande do Sul. Devo também lançar o prêmio Granpal para valorizar os artistas, personalidades e pessoas que se destacaram na enchente.
Fiquei apto a concorrer novamente à Famurs, é possível que estejamos participando do processo eleitoral. Fui o único prefeito que fui três vezes vice-prefeito, do Bonotto, do Paulinho Salermo e do atual Marcelo Arruda. Isso me qualifica e capacita para concorrer a presidência da Famurs novamente.
Como é o seu contato com a prefeita eleita da cidade vizinha Eldorado do Sul, a Juliana?
Eu apoiei ela, e ela ganhou 300 votos. Então foi muito importante nosso apoio. Eu já tive a oportunidade de trabalhar com ela em momentos de bastante pressão. Eu estava secretário de saúde e ela estava secretária de saúde na pandemia, quando iniciamos, e a gente teve a oportunidade de se ajudar mutuamente, né? Eu sei o quanto ela é muito trabalhadora.
Eu tenho um interesse muito grande que Eldorado do Sul se reergue o mais rápido possível. O nosso pronto atendimento é o maior pronto atendimento de urgência e emergência do estado do Rio Grande do Sul. Nós temos um espaço projetado para 200 pessoas por dia e estamos hoje atendendo 450. Nós tivemos um incremento de pessoas de outra cidades que vieram morar para cá, que necessitam utilizar o hospital, e por dia atendemos 150 pessoas de Eldorado do Sul que não tem nem raio-x. Eu preciso que a cidade se reergue o mais rápido possível para desafogar nosso pronto atendimento.
Como você se sente sendo o prefeito do centenário da cidade?
Na orla vamos fazer uma memorial do centenário e vamos fazer um relógio de contagem regressiva, a gente deve colocar perto da Corsan. Neste mês temos a Olifeira, que já está caminhando com suas próprias pernas. Só a Toyota investiu cerca de R$ 1 milhão com a lei Rouanet. Neste ano a prefeitura vai ajudar com pouca coisa para manter a estrutura. Esse é o papel a fundação de cultura, ensinar o artista a viver sem depender do poder público. A cidade vai dar um salto de qualidade, porque o artista será independente.
O esporte vai ter muita minha atenção no próximo governo. Vamos construir uma vila olímpica no Coelhão, vamos fazer uma pista de atletismo em volta do campo, estamos terminando a quadra de societty, quero fazer mais uma quadra de areia e uma de beach tennis. Se possível vou fazer uma piscina olímpica. É para botar a criançada no segundo turno escolar. Nossa prioridade é educação, esporte, turismo, trazer novas empresas e deixar a nossa cidade bonita.
Comentários: