Grafiteiros desenharam a Biblioteca Pública de Guaíba com imagens que representa o estado laico, a responsabilidade ambiental com apelo turístico e a inclusão social da comunidade negra. Mas ativistas culturais estão criticando a obra pelos temas não compactuarem com a literatura. O projeto foi comtemplado pela Lei Aldir Blanc, de auxilio emergencial ao setor cultural, pelo segmento intervenção urbana.
Desenhado pelos artista Jeferson Oliveira, da empresa Jeferson Art Design, o muro está pintado com desenhos do Papa João Paulo II, Iemanjá, a Nossa Senhora de Aparecida, São Jorge e o Sidarta Gautama, popularmente chamado Buda, fundador da religião budista.
O autor do projeto é o colunista social Lucca Rossi, que explica que poderia usar qualquer lugar público para esta manifestação artística, mas que pensou em uma área que apresentava uma situação ociosa e de desleixo. "Onde tem biblioteca não tem outros assuntos? Não são pertinentes a biblioteca? As pessoas estão falando coisas sem embasamento", alega. Ainda complementa: "Nem tudo que a gente faz cai no agrado da cidade, mas no entanto as pessoas não são de tomarem iniciativas e, a partir do momento que a gente faz alguma coisa que é inclusiva, vai gerar mais discórdia que apreço".
Ele ainda afirma que todo o projeto teve aprovação do poder público, que antes mesmo teria se reunido com o prefeito Marcelo Maranata, a vice-prefeita Claudinha Jardim e funcionárias da biblioteca para a apresentação. O prêmio de recompensa, incluído arte de rua na Biblioteca Pública e mais três espaços públicos, é de R$ 10 mil.
A ativista cultural Denise Silveira diz que a crítica é livre, pois é uma proposta de intervenção na Biblioteca Pública Municipal, que desconsidera uma série de aspectos culturais importantes e, consequentemente, abre caminho para reflexões críticas mais aprofundadas para quem de fato pensa o que é a cultura, suas expressões, relações e idiossincrasias. "É louvável o Edital, e o projeto de pintura apresentado é tecnicamente muito bacana. Entretanto, particularmente, o considero ética e esteticamente questionável", alega.
A editora, bibliotecária e ex-presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais Débora Jardim Jardim também critica o tema da manifestação e defende que o projeto deveria ser mais discutido antes mesmo da aplicação. Ela ainda destaca que, devido a literatura esta escondida dentro da biblioteca, ela também deveria ser projetada para fora dela. Por exemplo, com imagens dos escritores renomados Érico Veríssimo, Mário Quintana e Paulo Freire.
Em nota, a Prefeitura informa que "o projeto de contrapartida da Lei Aldir Blanc foi executado sem nenhuma verba do município. O mesmo foi aprovado na gestão anterior e para esta ficou somente o dever de executá-lo. O prefeito Marcelo Maranata recebeu o projeto com as opções de pinturas a serem realizadas, assim, achando-o representativo. O projeto em nenhum momento quis causar polêmicas e intolerância religiosa. A obra foi contemplada em três partes, sendo uma, as diferentes religiões, os pontos turísticos de Guaíba e a valorização racial, que estão em execução no momento. Sem mais a declarar".
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