Durante a programação da Multifeira Cultural, neste domingo (31), a exposição da fotógrafa e jornalista Bianca Barbosa estava no prédio antigo do mercado público de Guaíba, no Centro. A mostra "Peju porã tekoá mirim pygua", tradução de bem-vindo a aldeia Tekoá Mirim, são de imagens de 36 famílias indígenas guaranis que têm como fonte de renda, basicamente, o artesanato que produzem, além das doações de ONGs e projetos atuantes nas proximidades.
"É um povo que está muito disseminado aqui em nossa região e ninguém sabe. Então, em função desse detalhe, conheci um pouco dessas histórias, sabia que existia, tinha essas linhas de contato, e apareceu essa oportunidade de fazer essa exposição tudo em cima hora", conta Bianca.
A produção aconteceu somente em uma semana, desde o registro das fotografias até a mostra em preto e branco. "´É um projeto que estava engavetado e resolvi começar do zero. E eles realmente abriram as portas da aldeia. Não desenrolou como era a minha intenção inicial, mas o objetivo foi cumprido em retratar visibilidade ao povo indígena".
Eles viviam anteriormente na reserva indígena Coxilha da Cruz, em Barra do Ribeiro. Após o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ceder no processo de ampliação da BR-116, em 2015, os mais de 70 hectares de terra, onde vivem atualmente, o povo liderado por Verá pode criar seu próprio núcleo, que hoje chamamos de Aldeia Tekoá Mirim - que se desmembrou da Aldeia Tekoá Porã.
Bianca ainda destaca que essa exposição no prédio do antigo mercado público, desativado há mais de 20 anos, é muito mais do que se pode imaginar.
"Existe uma palavra que liga com os dois mundos, do espaço físico que a gente está e o povo em questão protagonista da exposição, e essa palavra é resistência. Então temos a resistência de uma estrutura física, histórica e lendária e do povo que se perde ao longos dos anos. E eu, particularmente, sou uma pessoa que amo a estética visual de ruína, sou apaixonada, e também o lado preto-branco combinou com ela. Acho que foi uma combinação perfeita", concluiu.
Os trabalhos todos estão à venda, sendo que 30% do dinheiro deve ser revertido para os projetos da comunidade indígena que vive há 40 minutos de Guaíba. Podem serem comprados diretamente com a fotógrafa, pelo celular (51) 9870-7275.
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