O Museu Carlos Nobre, no centro de Guaíba, completou 30 anos de história na semana passada. Em 10 de setembro de 1992, o local reabriu as portas para mostrar o acervo de um dos jornalistas e humoristas mais conhecidos do Rio Grande do Sul. Exposições contam a história de Carlos Nobre e objetos de quando era espaço da prefeitura municipal, de 1940 a 1988, nas gestões de Solon Tavares, Nelson Cornetet, Ruy Coelho Gonçalves, Arlindo Stringhini e João Salvador Jardim.
Em 30 anos, o local serviu como um dos principais lugares dedicados à cultura na cidade, com diversas mostras de fotografias, artesanato, música, dança, teatro e música. O palco do auditório foi durante muitos anos ocupado pelo tradicional Sarau do Museu, comandado pela musicista Denise Rosa, sempre nos primeiros sábados de cada mês.
A historiadora Miriam Leão foi uma das responsáveis pela inauguração do museu municipal no início da década de 90, com as professoras Cátia Pereira e Maria do Carmo Carvalho. Segundo ela, foi o último grande evento do então prefeito Solon Tavares, que queria a inauguração antes do término de sua segunda gestão.
"Só o prédio do museu por si só já é maravilhoso, fantástico, porque é de 1908. É um prédio de mais de cem anos, sendo dos últimos do estilo neoclássico. E o Museu cumpre esse papel de centralizar a guarda de um acervo que conta a história no munícipio, de 1926 até o dias de hoje", disse. "É muito importância a existência de um museu numa cidade, e não somente aqui. O museu é o lugar adequado para guardar os acervos que dizem sobre todos períodos históricos de um lugar".
Segundo ela, o museu faz parte do tripé importantíssimo que são as instituições de memória (bibliotecas, arquivos e museus), e sem essas instituições a cidade não está completa em termos de preservação de sua história.
"Para Guaíba está faltando organizar um arquivo histórico e público também, isso ainda é uma grande falha das gestões públicas que ainda não conseguiram completar esse tripé em uma forma minimamente adequada. Só o prédio conta a história de cem anos da cidade, então podemos analisar que podemos, sim, naquele espaço ter um grande livro aberto de como Guaíba era no início do século 20. Cidade que estava crescendo devagarinho, se urbanizando e se tornando um distrito importante de Porto Alegre".

Miriam ainda critica que sempre faltou recursos financeiros para a manutenção desse local de preservação de história e memória, sendo que atualmente encontra-se com a estrutura bastante prejudicada. "Isso me preocupa muito, ele sempre teve goteiras e infiltrações que parecem que não tem fim. Espero que um dia consigam olhar para o prédio do museu e a importância que és para dentro do município para melhor construção da consciência crítica e cidadã", afirmou.
O secretário de Cultura e Turismo, Ivo Schegl Jr., diz que o primeiro museu de Guaíba nasceu da organização do povo guaibense para salvaguardar sua memória e homenagear o humorista da terra, Carlos Nobre, e que em sua terceira década de existência essa instituição busca se reinventar, passará por mais um processo de revitalização. Com projetos de restauração aguardando resposta, mas com pintura já com data para começar, o museu Carlos Nobre entrará nessa nova era com pé direito, como merece.
Até lá, pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 12h e das 13h às 17h, na rua Sete de Setembro nº 470.
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