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Terça-feira, 30 de Setembro de 2025

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A ebulição do Planeta Terra começou

Planeta Terra chega a um ponto crucial para a sobrevivência da viva

A ebulição do Planeta Terra começou
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O planeta está esquentando desenfreadamente e muito em breve a Humanidade perderá a oportunidade de limitar o aquecimento global em 1,5ºC, colocando a população e todos os recursos naturais em risco. Isso significa que o colapso na agricultura e mortes em massa por fatores como a falta de água potável, fome, doenças, períodos de chuvas e secas extremas, desastres ambientais com grandes potenciais de destruição, morte de vegetações, culturas, animais e humanos será inevitável.

Muito recentemente a expressão “ebulição global” ganhou seu devido destaque graças ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que a utilizou em seu discurso em Nova York, no dia 27/07/2023, sobre a crise climática. O termo refere-se à preocupante tendência de aumento progressivo das temperaturas médias em todo o planeta.

De acordo com o Observatório Europeu Copernicus, o mês de Julho/2023 bateu todos os recordes de mês mais quente já registrado na Terra, 0,33ºC acima do recorde anterior de Julho/2019. As ondas de calor e incêndios pelo mundo todo também marcaram o mês de Julho/2023,com temperaturas médias da atmosfera batendo 0,72ºC mais elevadas que as médias registradas para julho entre 1991 - 2020.

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Os sinais do aquecimento global provocado pelas atividades de intervenção humana são regitradas e extrapoladas em todo o Planeta. A exemplo do verão do hemisfério norte, a Grécia e o Canadá sofreram grandes incêndios, e este último também registrou inundações em outros locais, assim como as ondas de calor na Europa, norte da África, sul dos EUA e parte da China provocaram danos que custarão muitos dólares.

As temperaturas registradas na superfície do mar estão extremamente elevadas desde Abril/2023 e os níveis registrados em Julho/2023 não tem precedentes, ficando 0,51ºC acima da média registrada entre 1991 - 2020.

O Observatório Copernicus também indicou, através de observações por satélite, que o gelo marinho na Antártida atingiu o menor nível, 15% abaixo da média histórica para os meses de Julho.

Apesar do quadro catastrófico, António Guterres afirma que a situação é plausível de reversão, caso atitudes sejam tomadas com urgência por todos os governantes e sociedades globais, acreditando que ”...ainda é possível limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC e evitar o pior (extinção em massa) com ações drásticas e imediatas.”

Todos são fadados a saber que essa situação está diretamente ligada à poluição, ao uso contínuo de combustíveis fósseis, às práticas insustentáveis na agricultura e na pecuária, uso de susbtâncias organocloradas, metais pesados, assim como ao desmatamento e incêndios em áreas de florestas, o que leva também à contaminação de águas superficiais e subterrâneas.

Para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, as emissões globais de gases poluentes precisam urgentemente serem reduzidas em 43% até 2030, 60% até 2035 e 69% até 2040, deacordo com a comparação de dados-base do ano de 2019,conforme o Relatório do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, lançado em 20 de março de 2023.

Embora as ambições de redução das emissões de gases do efeito estufa tenham aumentado, os compromissos trazem um aquecimento de 2,6ºC até 2100 - dado inviável para a projeção de adaptação eficiente na Terra. É preciso acabar com o desmatamento, utilização de combustíveis fósseis e substâncias degradadoras da camada de ozônio e recuperar as áreas degradadas o mais rápido possível. Mas parece que a Humanidade não consegue entender o tamanho do problema em insistir com práticas não sustentáveis!

Apesar do quadro preocupante, especialistas ainda afirmam que há uma oportunidade (que vem reduzindo) para evitar um colapso generalizado. Para isso, é fundamental promover a conscientização das pessoas e incentivar a colaboração entre nações, empresas, técnicos, pesquisadores e ambientalistas em prol da preservação de todos os recursos da Terra.

Em se falando de estado do Rio Grande do Sul, é sabido e sentido que as mudanças climáticas vem afetando a nossa vida cotidiana, com calores excessivos no verão e no inverno (quando em Julho/2023 algumas cidades gaúchas chegaram a registrar 30ºC, quando deveria estar entre 15ºC e 20ºC), chuvas, tempestades e ciclones um atrás do outro desde Junho/2023. Assim, além de tudo o que já foi falado, a restauração da Mata Atlântica e do Bioma Pampa é um dos caminhos para combater parte dessa crise no estado do Rio Grande do Sul.

Para quem não sabe o Bioma Pampa possui um clima temperado, com temperaturas médias entre 13 °C e 17 °C, garantindo características únicas. Uma delas é a presença de grandes campos de gramíneas (também conhecidas como capins, gramas ou relvas), com 450 espécies dessas plantas espalhadas pela região.Esse cenário foi encontrado pelos primeiros seres humanos que habitaram a região Sul do Brasil, há cerca de 12 mil anos e continua sendo a cara do Pampa atual. Entretanto, por ser tão antigo, o bioma possui grande variedade de espécies e paisagens. Embora seja famoso pelos campos, abriga também florestas nas margens dos rios, arbustos, leguminosas (150 espécies), bromélias e até cactos (70 tipos). Na vegetação diversificada, vivem, é claro, centenas de espécies animais, mas ainda é foco de estudo de várias entidades de pesquisa.

Talvez quem olhe para o Pampa não encontre uma fauna exuberante como a da Amazônia, ou uma floresta de tirar o fôlego como as que existem na Mata Atlântica. À primeira vista, o bioma parece bem mais simples do que os outros, mas não se engane, pois isso não quer dizer que ele seja menos importante! Pelo contrário, os campos do Pampa contribuem – e muito – para a absorção de carbono da atmosfera e o controle da erosão, por exemplo. Nesse bioma, há mais de 3 mil espécies vegetais, muitas delas endêmicas (só ocorrem nessa região), bem como várias espécies da fauna, que dependem dos campos para a sua manutenção.

Já a Mata Atlântica é considerada uma das florestas com maior biodiversidade do planeta e, paradoxalmente, uma das mais ameaçadas de extinção. O bioma está localizado em uma área que totaliza 15% do território nacional brasileiro. Inclui 17 estados, sendo eles: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe, sendo 14 estados costeiros, sendo o lar de 72% dos brasileiros e concentra 80% do PIB nacional, além de ter sete das nove grandes bacias hidrográficas do Brasil - incluindo a Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba - e três das maiores metrópoles da América do Sul se encontram inseridos no bioma, de forma que, há muitos séculos, a floresta oferece possibilidades inúmeras para atividades vitais da economia, desde a agricultura e a pesca até o turismo e a geração de energia elétrica.

Para a Unesco, a Mata Atlântica é considerada uma Reserva da Biosfera, modelo que busca gerir sustentavelmente os recursos naturais presentes no bioma. Detém esse título desde 2008, sendo a primeira Reserva da Biosfera do Brasil a receber a denominação internacional.

Num panorama geral, o clima predominante na Mata Atlântica é o tropical úmido, que apresenta temperaturas elevadas e extensos períodos de chuvas, muito abundantes, mas em algumas regiões específicas, é possível encontrar o clima tropical de altitude - região sudeste e o clima subtropical úmido - região sul. Apesar de pequenas diferenças na variação de temperatura e precipitação, o quadro geral é de calor e muita chuva.

A fauna da Mata Atlântica é uma das mais ricas do Brasil, abrigando mais de 800 espécies de aves, quase 400 espécies de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e mais de 350 espécies diferentes de peixes.Mesmo com as faixas restritas de Mata Atlântica existentes e atualmente existem várias espécies que ainda nem foram catalogadas. Isso significa que, pela redução contínua dos habitats naturais, é possível que muitos animais sejam extintos sem nunca terem sido descobertos pelos cientistas, assim como é uma das florestas com maior biodiversidade florística em todo o planeta. São mais de 20.000 espécies de plantas, o que corresponde a impressionantes 35% de todas as espécies encontradas no Brasil, apresentando a maior diversidade por unidade de área de todo o planeta. Infelizmente, das cerca de 200 espécies de plantas ameaçadas de extinção no Brasil, 117 pertencem à Mata Atlântica, o que ilustra muito bem o risco que o bioma corre.

Ao promover o reflorestamento e a recomposição de áreas degradadas nesses dos ecossistemas, ambos muito ricos e diversificados, a contribuição eficaz se volta ao equilíbrio ambiental, à prevenção de futuros eventos e mitigação dos impactos já gerados pelas mudanças climáticas.

As decisões que estão sendo tomadas nas conferências sobre mudanças climáticas, meio ambiente, sustentabilidade, etc., devem ser priorizadas, levadas muito a sério pelos governantes e colocadas em prática imediatamente,para que haja uma possibilidade de futuro para todos os seres vivos do Planeta Terra.

E você, Cidadão, pode começar a contribuir com a minimização dos efeitos das mudanças climáticas ou vai entrar em ebulição?

 

Fontes:

EMBRAPA. Disponível em: https://www.embrapa.br/contando-ciencia/bioma-pampa#:~:text=O%20clima%20temperado%2C%20com%20temperaturas,dessas%20plantas%20espalhadas%20pela%20regi%C3%A3o. Acesso em 27/09/2023.

 IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/cgcl/paginas/painel-intergovernamental-sobre-mudanca-do-clima-ipcc Acesso em 27/09/2023.

SOS MATA ATLÂNTICA. Disponível em: https://www.sosma.org.br/?utm_source=google_grants_because&utm_medium=search&utm_campaign=sosma_because&utm_term=doacao_awareness_anuncio3&utm_content=gads0003&gad=1&gclid=Cj0KCQjwpc-oBhCGARIsAH6ote-j4lKMYEE7xyHgznrPZ2TG2XbClesPhR4nvS7rutq9FeHBpbe4XL0aAnkVEALw_wcB Acesso em 27/09/2023.

STOODI. Disponível em: https://blog.stoodi.com.br/blog/biologia/mata-atlantica/#:~:text=Num%20panorama%20geral%2C%20o%20clima,per%C3%ADodos%20de%20chuvas%2C%20muito%20abundantes. Acesso em 27/09/2023.

THE NATURE CONSERVANCY. Disponível em: https://www.tnc.org.br/conecte-se/comunicacao/noticias/ipcc-report-climate-change/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=ipcc&gclid=Cj0KCQjwpc-oBhCGARIsAH6ote-BWbjDStKDDBWy6BUu_vYJidk6K0bA0-13m-SMbpDkSFRLDPwkEj0aApIBEALw_wcB Acesso em 27/09/2023.

WRI BRASIL> Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/noticias/10-conclusoes-do-relatorio-do-ipcc-sobre-mudancas-climaticas-de-2023 Acesso em: 27/09/2023.

 

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Aline Stolz

Publicado por:

Aline Stolz

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