Repórter Guaibense

Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025

Colunas/Geral

A arte de transformar criatividade em dinheiro

A indústria criativa em busca de desenvolvimento humano e econômico

A arte de transformar criatividade em dinheiro
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Nas cidades mais desenvolvidas, a consciência da importância do setor cultural para a economia local se torna cada vez mais presente na rotina das decisões importantes sobre o futuro.  A criação de políticas específicas para a área e a busca por espaços onde as atividades possam ser desenvolvidas com excelência, aliando o desenvolvimento pessoal e social ao desenvolvimento econômico local vem se tornando uma tendência considerada moderna.  

A Indústria Criativa é composta por quatro grandes grupos de atividades que se inter-relacionam e geram novas demandas por produtos e serviços.  

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Se tomarmos apenas os grupos Cultura e Mídias, teremos a ativação de uma enorme cadeia de comercialização de produtos e serviços necessários para transformar uma ideia em realização. Nenhuma iniciativa cultural se ergue sem que uma série de pessoas e profissionais sejam mobilizados.  Para ilustrar de forma mais clara, apenas com esses dois grupos, Cultura e Mídias, podemos ativar as seguintes engrenagens da economia local/regional: 

 

O setor cultural emprega algo em torno de 5,7% da força de trabalho no país. Mais de 5 milhões de pessoas que ajudam a impulsionar a economia. A título de comparação, o setor da indústria automotiva, um dos mais valorizados em nossa economia, emprega pouco mais de 100 mil trabalhadores.  

Além disso, profissionais como seguranças, motoristas, faxineiros, bilheteiros, porteiros, garçons, manobristas, serralheiros, carpinteiros, costureiras, empresas de iluminação e sonorização, de locação de estruturas, além dos mais variados tipos de comércios que fornecem materiais e equipamentos dependem desse segmento da economia e estão à mercê da dinâmica artístico cultural de uma cidade. Toda essa cadeia pode ser movida a partir de uma ideia que parte da criatividade de um agente cultural ou artista.   

Para que isso ocorra de forma cada vez mais orgânica, necessitamos que seja criado e mantido um ambiente propício para que haja o desenvolvimento das atividades relacionadas à Economia da Cultura/Indústria Criativa. Acesso aos equipamentos culturais para que se possa desenvolver de forma mais organizada as iniciativas é algo imprescindível para que os processos criativos ocorram em maior quantidade e melhor qualidade. Garantir que os agentes culturais tenham acesso facilitado aos equipamentos culturais e investir na melhoria e ampliação desses espaços é uma tendência mundial.  

São inúmeros os exemplos de países que vem investindo na estruturação e manutenção de seus sistemas de cultura. Isso é estar com a cabeça no Século XXI.  O setor clama por melhores condições de trabalho. Não quer perder o que foi conquistado e exige a ampliação das opções de qualidade e com o acesso democratizado.  

Mesmo com a necessidade de levar as ações para as comunidades distantes, a ocupação de áreas centrais continua sendo uma estratégia inteligente de ocupação urbana, democratização do acesso e aumento da percepção do cidadão como parte da cidade.  Espaços criativos centralizados contribuem como pontos de convergência em tempos tão corridos e disputados onde, boa parte da massa que faz Cultura, ainda precisa se desdobrar em atividades paralelas (“supervalorizadamente” chamadas de ocupações formais).  

O ambiente e a dinâmica de trabalho não podem estar atrelados de forma definitiva a questões como o sistema municipal de transporte ou à mercê das ações de segurança pública. A condição de trabalho vai influenciar diretamente no tipo de produto cultural criado e, consequentemente, na força do impulso à roda da economia local.  Os segmentos culturais, a partir das ações da dita economia criativa, vêm apresentando um desempenho econômico espetacular. Em muitos casos, esses resultados são superiores aos alcançados por atividades tradicionais da economia.  

A cultura, a partir de seus diferentes segmentos, demonstra possuir um impacto relevante para a arrecadação tributária, geração de emprego e renda, reservando energia para determinar um alto efeito multiplicador (capacidade para impulsionar reinvestimentos). Um desses efeitos, como eixo de desenvolvimento econômico, é o fortalecimento de cadeias ligadas também ao turismo. Dessa forma, a cultura gera mais que sentimentos, ela gera prosperidade.  

Quanto melhores forem as condições, maior será a constância da movimentação de outras engrenagens dessa máquina complexa e instável.  Segundo estudos recentes, elaborados pelo Departamento de Economia e Estatística, o setor é responsável por 4,1% da força de trabalho no Rio Grande do Sul. Setores vinculados à cultura, criatividade, conhecimento e inovação geram mais empregos do que segmentos tradicionais da economia gaúcha.   

Essa pesquisa sobre o universo de profissionais que atuam diretamente na chamada economia criativa mostra que são mais de 130 mil os empregos formais neste segmento. O contingente é superior, por exemplo, aos postos de trabalho na indústria calçadista ou setor automobilístico, e se aproxima de áreas com alto poder de geração de vagas, como a construção civil. Atualmente, o RS registra quase 50 mil microempreendedores individuais que atuam em segmentos como publicidade, artes visuais, ensino da cultura, design e moda, entre outras.  

Em Guaíba a formalização vem sendo expandida gradativamente graças ao trabalho de conscientização feito pelos agentes culturais, em especial pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais.  A necessidade de formalização das empresas fez com que muitos fazedores de Cultura saíssem da invisibilidade e os colocaram em um mercado de trabalho em plena expansão.  

Segundo a pesquisa, o RS aparece na quarta posição no ranking nacional tanto em termos de empregos formais como de empreendimentos registrados. Dos quase 2 milhões de brasileiros com emprego formal na economia criativa, os gaúchos respondem por 6,5% (130.079 postos ao final de 2017), ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em termos de peso do setor criativo gaúcho no total da economia do país, a participação fica acima da média nacional: o RS concentra 4,1% dos postos de trabalho (média do Brasil é de 3,5%) e 6,6% nos empreendimentos (6,1% é a média nacional).  

Tendo todas essas informações em vista, não é possível que se permita qualquer recuo ou perda em relação ao que já se tem de estrutura de trabalho.  Somos uma indústria que emprega milhões de pessoas, fazendo girar bilhões de reais sem que para isso seja necessário um enorme parque industrial ou haja danos ecológicos. Somos criativos, lucrativos e limpos! Somos o ideal de futuro!  Devemos ser valorizados e respeitados enquanto atores da transformação do mundo em um lugar melhor, menos desigual, mais belo e, por que não, rentável.  

Estamos em todos os cantos da cidade e somos parte da beleza e da pujança que movimenta o centro de tudo. Dominamos a arte de transformar criatividade em dinheiro e multiplicar o pão.

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Isaque Conceição

Publicado por:

Isaque Conceição

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