Tenho percebido como a temática morte é vista como difícil. Culturalmente somos ensinados a falar de coisas alegres, vivas, e não sabemos como falar e nem como enfrentar momentos de luto. Ainda mais quando a perda é proveniente de um suicídio. Há o mito de que falar sobre esse tipo de morte produzira nas pessoas a indução de praticarem. Isso é o contrário. Falar de forma organizada, profissional, promove conhecimento e assim indicações corretas de ajuda, podendo se orientar de forma mais específica as pessoas e ajudar a lidar com o sofrimento.
Outro mito é o de quem ameaça nunca fará nada contra si. Não temos que esperar que aconteça para sabermos se era ou não uma manipulação. Aí já não terá mais volta. Seja responsável e trate com de forma respeitável a pessoa. Procure conversar, entender o que está acontecendo. Sem julgamentos. Esteja disposto a estar junto, a pegar pela mão e ir até a um profissional habilitado. Não diga que é bobagem, coisa de sua cabeça ou que vai passar. Muitas vezes o indivíduo está sem forças para pedir ajuda. Esteja atento. As relações têm sido muito superficiais em alguns casos. A pessoa que está pedindo socorro precisa sentir que há o desejo genuíno em você de estar ao lado dela nesse momento. Por mais que seja difícil falar sobre dores, quando o diálogo ocorre de forma legítima, pode ocorrer a ajuda, o amparo e assim evitar de fato uma morte.
Todas as pessoas estão sujeitas ao adoecimento: religiosos, pessoas vistas como fortes, inteligentes, bem sucedidas, homens, mulheres, crianças. Todos possuem suas questões e podem adoecer emocionalmente. Não é frescura, fraqueza, falta de Deus. Somos seres atravessados por sentimentos, emoções, cultura, subjetividades, relações, que por algum motivo pode entrar em desequilíbrio. Mas o importante é deixar claro, que com apoio há saída.
Nem sempre a pessoa que pensa em acabar com sua vida vai ficar triste o tempo todo. Muitos levam a vida de forma normal, continuam com suas atividades. A depressão é uma das causas, mas não é o único fator. Há também os transtornos de humor e abuso de substâncias. E há também outras interferências que podem propiciar pensamentos de morte. É importante estar atento com frases que denotam desistência, como “o mundo seria melhor se eu não estivesse aqui”, “eu só quero que isso passe”, “isso nunca vai passar”, “os outros ficarão melhor sem mim”, “eu só atrapalho”, entre outras. Manifestações de raiva, medo, desesperança também podem ser sinais. Além de perda de interesse por atividades que gostava, alterações de sono e no apetite, isolamento.
Tenha em mente, que você pode ajudar alguém quando estiver disposto a escutar sem julgamentos. Ofereça seu apoio. Esteja junto. Procure-se informar. Entenda que todos nós somos responsáveis pela prevenção. Leia, divulgue conhecimento de fontes sérias.
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