Mais uma vez, o tema do racismo ganha a mídia. Crianças são insultadas por sua cor. Não foi no Brasil, mas ocorreu como acontece na nação verde amarela que tem mais de 50% da sua população formada por pessoas negras. Pela sua cor de pele, lhes é imputado um sofrimento mental que lhe nega o direito de ser hoje, por terem em grande maioria precárias condições de vida e a falta de perspectiva de um futuro melhor.
A saúde mental pode ser entendida como uma tensão entre as forças individuais e ambientais, que geram o estado de equilíbrio psíquico do indivíduo. Manifesta-se através de um bem estar subjetivo, numa junção de exercitar as capacidade mental e a qualidade das relações com o meio. O entorno social e econômico e a forma como uma pessoa interage com o ambiente, e seus recursos psicológicos, influenciam na determinação na situação de saúde, física e mental.
Somos um país racista. O racismo institucionalizado, que determina o acesso diferenciado aos equipamentos sociais provoca desigualdade. E isso fica marcado no inconsciente coletivo. Manifestamos preconceitos, estereótipos e discriminamos gerando todo tipo de violência. Você já viveu em uma pele preta? Sabe o que é viver em estado de tensão emocional permanente? Ser olhado de forma diferente apenas por ser negro promove angustia e ansiedade. Taquicardia, ansiedade, ataques de pânico, depressão, dificuldade de se abrir, ataques de raiva violenta, aparentemente não provocada aparecem nessa população. Além disso, ou junto a isso, o perfil socioeconômico e os indicadores de mortalidade da população negra mostram uma diferença bastante significativa.
Numa sociedade racista, o mundo que não lhe retrata, pode gerar comprometimento com sua identidade. A desvalorização da auto-imagem, difundidas por instituições e pelas relações interpessoais, vão interiorizando o branco como ser ideal, pois é retratado sempre de forma positiva. O racismo mexe na construção de autoconceito fazendo com que se torne negativo e desvalorizado sobre si mesmo. A exposição constante a situações de humilhação e constrangimento rebaixa a auto-estima e cria uma imagem distorcida.
Na sociedade em que vivemos, o racismo é mascarado. Nem sempre vai aparecer de forma explicita. Mas não significa que não machuque da mesma forma. Falar sobre ele ainda é imperativo. Pensar sobre em como reproduzimos conceitos, frases, ou nomes de objetos sem entender o porquê são assim chamados, faz com que possamos quebrar as cercas que nos cercam de preconceito. Ensinar sobre igualdade, respeito e amor as crianças, ensinando crianças negras a se posicionarem, a se amarem são caminhos de construção de um futuro melhor. Que enquanto não acontece, pode ser modificado por ações hoje de cada um de nós. Repudiar o racismo, o ódio, a discriminação. Pensar em saúde mental é pensar no individuo. E isso não deve ter cor, sexo ou nacionalidade.
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