Remake de uma produção coreana de mesmo nome, o ”Milagre na Cela 7” do diretor Mehmet Ada Öztekin, filme turco da Netflix, envolve um raro ato de bondade vindo de onde menos esperamos – o que por si só, para muitos, já configura como um milagre.
A trama conta a história de Memo (Aras Bulut Iynemli), um pai solteiro com deficiência intelectual que vive em um pequeno vilarejo da Turquia com a filha, Ova (Nisa Sofiya Aksongur) e a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal). Muito amável, o rapaz é conhecido e querido por todos os habitantes, mas é Ova quem sofre com a situação. Além do bullying no colégio, a garota sabe que o pai é especial, o que não faz ela o amar menos. A vida de ambos muda quando Memo se envolve no acidente que mata a filha de um importante tenente do exército turco (Yurdaer Okur). Tomado pela raiva, ele ordena a captura e prisão de Memo, enviando-o para uma prisão enquanto aguarda a ordem de execução da pena de morte.
Bom, vamos lá... Vale lembrar que aqui na minha coluna só existem dois gêneros de filmes os “filmes bons” e os “filmes do Júnior” (vide primeiro texto da coluna “Os Filmes do Júnior”). Dito isso, definitivamente o filme “O Milagre na cela 7” recebe o selo de “Filme bom”, meu pai adorou... Parece uma novela, fato que o fez identificar-se ainda mais com a obra.
Calma lá! Não fiquem bravos comigo, tá, eu também chorei vendo o filme. Afinal, essa era a única proposta do filme, é uma experiência interessante, mas um pouco enfadonha para quem já assistiu filmes como “Um sonho de liberdade” e “A espera de um Milagre” percebe-se claramente que o filme é uma experiência requentada inspirada em filmes como esses que eu citei.
Em um filme, mais importante do que está sendo contado, é como está sendo contado. Isso chama-se narrativa, o roteiro de “O Milagre na Cela 7” sempre sugeri o mais simples, perdendo as inúmeras possibilidades de nos instigar através de mistérios, revelações e descobertas. Entrega tudo de mão beijada para que possamos apenas “sofrer”, joga pela janela a opção de trazer surpresas e desafios nas entrelinhas e subtextos nos emergindo assim de forma mais eficaz na trama, vivenciando diferentes sensações e emoções.
Um emaranhado de facilitações dramáticas narradas de forma óbvia e superficial “O Milagre na cela 7” não se preocupa em deixar o espectador mais atento pra pescar algo que não está sendo dito, não, é a superfície pura e simples com o objetivo de emocionar a qualquer preço.
Mehmet Ada Öztekin, o diretor, menospreza a inteligência do espectador. Segue o roteiro e cede para obviedade, personagens caricatos construídos artificialmente, não fazem uso de sutilezas, e verbalizam sempre seus sentimentos. A trilha sonora sublinha as emoções com o mesmo objetivo de comandar o sentimento de quem assiste e a direção super valoriza tudo que pode para gerar sentimentalismo.
O enredo é emocionante, o problema é o desenvolvimento da trama. A narrativa apelativa acaba distanciando o espectador do arco dramático da história, embora tenha acertos pontuais como por exemplo o encontro da menina com o pai na prisão.
Um melodrama que busca a aceitação fácil do público fazendo-se valer de elementos tipicamente novelescos que buscam a emoção fácil do público.
Queridos leitores, saibam que discordar da minha visão, muitas vezes técnica, não configura que eu esteja certo e vocês errados. Ver filmes não é uma arte de quem sabe mais ou menos, trata-se, ao meu ver, do poder de catarse e do gosto pessoal de cada um. Pois bem, como essa é minha coluna, escrevo sobre o meu gosto com base em meus conhecimentos e não justifico com isso minha crítica, apenas lhes dou o direito devido de discordar.
"Lingo Lingo! Garrafas!"?
Toda vez que Memo e Ova se comunicam com a pequena e carismática expressão, eles estão fazendo uma referência à popular música turca:
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