Corredores superlotados, emergências caóticas e UTI’s em esgotamento total, essa é a tônica da maior parte dos hospitais que atendem o sistema de saúde pública no Brasil.
O SUS Sistema Único de Saúde, criado através da Constituição de 1988, permitiu acesso universal a saúde pública para toda a sociedade brasileira, sendo uma das maiores conquistas e exemplo de acesso público a um serviço essencial, que garante o direito ao atendimento a mais de 190 milhões de brasileiros, ou seja, mais de 80% da população brasileira se vale do atendimento dessa grande rede nacional.
Ocorre que apesar de toda a sua grandiosidade, o Sistema tem demonstrado cada vez mais dificuldades em atender de forma eficaz e digna a população doente. De acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, existem mais de 566 mil pessoas aguardando cirurgias eletivas. Isso sem levar e conta a demanda de leitos de UTI e cirurgias de emergência, que acabam por absorver uma grande parte dos serviços dos hospitais de média e alta complexidades. Estes últimos acabam por expor esse colapso desumano e grotesco.
Milhares de pessoas amontoadas em macas, nos corredores, em bancos e até mesmo no chão denunciam a dimensão da falha na gestão do sistema. A receita para que chegássemos nesse caos social, passa pela falta de competência da administração pública, corrupção institucionalizada e atraso nos repasses as entidades hospitalares. Isso sem levar em conta a falta de atualização dos valores pagos pela tabela SUS que não cobrem as despesas dos serviços prestados pelas instituições hospitalares, fazendo com que gradualmente ocorra a desmobilização de leitos.
A triste realidade é que a pandemia agravou ainda mais toda essa situação, pois além de provocar milhares de mortes deixou um passivo cruel de milhares de cirurgias eletivas represadas em virtude do foco que foi dado no atendimento dos casos graves de covid-19, que saturaram o sistema de saúde por quase dois anos.
Nossa sociedade não pode assistir de braços cruzados esse verdadeiro caos sem que algo de concreto seja feito. Não se pode aceitar a perda de vidas de milhares de brasileiros por falta de atendimento médico, pois se o sistema existe este deve funcionar plenamente conforme prevê a nossa carta constitucional, pois o direito à saúde é fundamental e indispensável.
A nós cidadão cabe a fiscalização e a cobrança dos gestores diuturnamente, como forma de manter o poder público alerta de suas responsabilidades. As instituições como o poder judiciário cabe o dever de garantir o poder jurisdicional do cidadão ao pleitear o tratamento negado indevidamente pelo Estado.
E a todos sem exceção conhecer os seus direitos como forma de lutar pelo bem maior que é a vida!
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