Na segunda-feira do dia 27 de março, na faixa das 7, a TV Globo batia recorde de audiência. A novela Vai Na Fé, escrita por Rosane Svartman, bateu 26 pontos de média de 40% de share (número de televisores ligados), sendo o maior índice alcançado na faixa desde agosto de 2021.
O capítulo mostrava Jenifer (Bela Campos) revelando para Ben (Samuel de Assis) que ela era a filha de Sol (Sheron Menezes), ao perceber que ele tinha a mesma tatuagem da mãe. Jennifer pergunta se Ben pode ser o seu pai.
Um dos momentos mais aguardados desde a sua estreia, em janeiro deste ano, justifica-se a curiosidade do telespectador em ver a trama andar.
Com bons personagens, trilha sonora pegajosa (“Joaninha safadinha e sem coração!”), um vilão cheio de maldade que dá gosto de odiar, flashbacks entre passado e presente, uma protagonista que adoramos torcer e bordões que pegam na boca do povo, Vai Na Fé é o novelão que o Brasil mais precisava no momento - e a faixa das 7 na Rede Globo também.
Sinopse
Sol é a protagonista vivida por Sheron Menezes. Na juventude, sem que os pais soubessem, ela frequentava bailes funks que marcaram os anos 2000. Na atualidade, ela continua sendo moradora da Zona Norte do Rio de Janeiro, junto com a família, onde passam por dificuldades financeiras. O acaso a levará aos palcos, quando receberá um convite para trabalhar com o cantor Lui Lorenzo (José Loreto).
No passado, Sol se envolveu com Ben (Samuel de Assis), que seguiu sua vida e sua carreira como advogado ao lado de Lumiar (Carolina Dieckmann). Ben é melhor amigo de Theo (Emílio Dantas), o grande vilão da história.
O destino da protagonista e o seu casamento com Carlão (Che Morais) vão balançar com um reencontro. Criada e escrita por Rosane Svartman, com direção artística de Paulo Silvestrini, a novela tem direção geral de Cristiano Marques e a direção é de Isabella Teixeira, Juh Almeida, Augusto Lana e Matheus Senra.
A obra é escrita com Mário Viana, Pedro Alvarenga, Renata Corrêa, Renata Sofia, Sabrina Rosa e Fabricio Santiago, e a pesquisa é de Paula Teixeira. A produção é de Mariana Pinheiro e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.
Identificação com o público
Vai Na Fé é a novela do momento. Sucesso entre diferentes públicos, a história comove e une as pessoas ao abordar temas sensíveis e trazer diversidade em seu elenco, com personagens negros em papéis de destaque, a começar pelos protagonistas vividos por Sheron Menezes e Samuel de Assis.
Com poucos personagens e núcleos que se interligam, a trama acerta em contar a sua história principal sem esquecer das paralelas, com coerência e precisão. A protagonista Sol, diferente de várias mocinhas que já acompanhamos, não é ‘’sem sal’’ ou clichê. Mesmo dentro dos clássicos estereótipos de perfil de personagens, Sol tem perspectivas pessoais, desejos, erros e acertos o tempo todo. É verossímil e causa identificação muito rápido.
Qualquer mulher, na faixa dos 40 anos, pode se enxergar na Sol. Seja na criação das filhas Jeni e Duda (Manu Estevão), na relação com a mãe Marlene (Elisa Lucinda), na nostalgia de seus tempos dourados da adolescência ou na rotina de trabalhadora.
Cheia de sonhos que não puderam ser realizados, Sol é carismática e ao mesmo tempo que parece ser da vida real, passa por situações típicas de novela - o equilíbrio perfeito para quem assiste. O núcleo amoroso, entre Lui (José Loreto) e Ben, é o exemplo disso.
Os pontos altos no ibope também se devem aos demais núcleos, mistos entre jovens e atores mais maduros, que convencem no drama e no humor.
Grandes personagens
Ben, Lui, “Katelícia”, Wilma, Lumiar e Téo.
Citando alguns personagens que dão o que falar e já protagonizaram grandes cenas na novela, que completa 4 meses no ar em abril.
Mas a lista acaba sendo infinita. Os personagens se encaixam em suas narrativas de forma natural, e mesmo aqueles que podem cansar o telespectador, acabam retomando o seu fôlego de algum jeito.
O núcleo de jovens da faculdade fictícia ICAES têm seus pontos altos e baixos, mas funcionam quase como uma Malhação à parte na novela, com discussões relevantes e conflitos do universo jovem-adulto.
Lui Lorenzo junto de sua mãe, Wilma (Renata Sorrah), compõe um dos núcleos mais divertidos. A personagem é cheia de diálogos marcantes, com frases icônicas de outras novelas e sempre cheia de críticas ácidas às músicas do filho.
E nem precisamos citar uma das maiores sensações da internet: Kate, ou “Katelícia”, personagem vivida pela atriz Clara Moneke. A personagem rouba a cena, cheia de personalidade, originalidade e carisma acima de tudo. O romance com Téo, o grande vilão, ou o bate e volta com Hugo (MC Cabelinho) são interessantes de assistir, mas ela não se limita a isso. Kate é aquela personagem que combina ao contracenar em qualquer núcleo.
Uma novela leve
Apesar de tratar de temas como racismo e relacionamento abusivo, a novela traz uma leveza e uma descontração muito forte ao telespectador. É muito fácil assistir, acompanhar e se apaixonar pela trama, pelos personagens e pelos mistérios ainda a serem desvendados.
Mesmo em momentos mais arrastados ou com personagens deslocados, a história já conquistou os seus fãs e deixa a cada dia mais clara a sua força: é um novelão.
Falamos sobre a novela no podcast “Clube da (Não) Cultura”. Toda terça disponível nas plataformas de áudio. Ouça aqui!
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