Sim, a escravidão já acabou, mas infelizmente para alguns seres irracionais ainda ecoa o comportamento maldito deste período nefasto da nossa história.
Quando nos deparamos com cenas deploráveis como a dos policiais da PM de São Paulo, carregando um rapaz negro, suspeito de ter furtado duas caixas de bombons, com as mãos e pés amarrados, remontamos ao período da escravidão no Brasil, em que corpos negros eram punidos com amarras, tronco e açoitamentos...
Esse evento materializa tudo que há de pior daquilo que combatemos, pois representa a caricatura mais perversa do racismo e desdém a dignidade humana, afinal de contas aqueles policiais representam o Estado brasileiro aplicando a mão pesada da violência de maneira desproporcional e assimétrica...
Certamente tais cenas nos remetem a um período medieval em que a penúria em praça pública com cenas de tortura extrema, enforcamentos e decapitações configuravam um verdadeiro "circo de horrores", sob a égide da aplicação da justiça.
Não estamos falando tão simplesmente da punição precipitada, ideológica e cruel de um suspeito de crime e sim de tortura deliberada contra um negro... Para que tenhamos um contraponto, analisemos um fato ocorrido no final de 2022, em que um homem branco, rico, do alto de sua mansão durante o cumprimento de sua prisão, resistiu a prisão alvejando uma guarnição da polícia federal com mais de 50 tiros de fuzil e 3 granadas de guerra, ferindo 03 policiais. Esse cidadão após longas tratativas se entregou, e ao ser conduzido para a delegacia apesar do grande perigo que representava, sequer foi algemado...
Como acreditar que de fato somos todos iguais? Como entender a diferença e desproporcionalidade com que uns são tratados com benesses e outros são pura e simplesmente espancados e mortos por sua aparência e cor?
Não se trata de defender o suspeito ou criticar a polícia, esse é um debate muito mais profundo, pois envolve a forma como direitos universais da humanidade são flagrantemente atacados sob o pretexto da garantia da lei e da ordem, afinal de contas a polícia é treinada, capacitada, equipada e remunerada para lidar com situações extremas e ainda sim manter o controle da situação, do contrário não necessitaríamos de polícia, mas sim de mercenários ou caçadores de recompensas como no velho oeste.
Entender o óbvio as vezes se torna um exercício difícil, porém necessário, mas nunca é demais reforçar que torturar e matar não consta no lema da polícia...
A dignidade nas abordagens policiais deve ser buscada e cobrada por todos os cidadãos e isto é inegociável.
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