A Maçonaria Regular não tem intervenção política e funciona dentro da legalidade vigente. Estes são dois princípios básicos e essenciais do comportamento da Maçonaria Regular em Democracia.
Mas, historicamente, nem sempre a Maçonaria assumiu esse comportamento. Algumas vezes por opção própria, nomeadamente na variante dita Irregular ou Liberal, sempre mais interventiva politicamente. Outras vezes, porque a Democracia não estava presente, a tirania campeava e ser maçom, prosseguir o ideário de Liberdade que é apanágio da Maçonaria, implicou lutar pela Liberdade em falta, intervir mesmo em Revoluções.
A Maçonaria desempenhou um papel significativo na Revolução Farroupilha, um dos mais importantes conflitos da história do Rio Grande do Sul, que ocorreu entre 1835 e 1845. Esse movimento, que buscava maior autonomia política e econômica para a província, contou com a participação de diversos maçons que viam na luta farroupilha a oportunidade de promover ideais de liberdade, igualdade e fraternidade — princípios fundamentais da Maçonaria.
Os maçons estavam entre os líderes da revolução, como Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi, que se destacaram não apenas por sua militância política, mas também pela construção de uma ideologia que buscava modernizar a sociedade gaúcha. A influência maçônica se manifestou em diversos aspectos, desde a organização das tropas até a formação de um governo paralelo que estabelecia novos padrões de governança.
Uma das expressões dessa influência é a bandeira do Rio Grande do Sul, que apresenta símbolos que remetem aos ideais maçônicos. As estrelas na bandeira representam a união dos diferentes povos e a busca por liberdade. O pavilhão farroupilha, com suas cores vibrantes, também é um símbolo de resistência e de luta pela autonomia, refletindo o espírito revolucionário que permeava a Maçonaria à época.
Os maçons estavam frequentemente engajados em discussões sobre autonomia provincial e direitos civis, o que se alinhava com os objetivos dos revolucionários gaúchos de se opor ao governo central do Império do Brasil. A participação de maçons na liderança do movimento ajudou a articular uma visão de justiça social, que também se refletiu na inclusão dos lanceiros negros, que eram soldados e guerrilheiros que lutaram ao lado dos farroupilhas.
Os lanceiros negros, muitos dos quais eram ex-escravizados que se alistaram nas tropas farroupilhas, representavam um importante força no conflito. A ajuda e a inclusão desses soldados na Revolução Farroupilha podem ser vistas como parte de um movimento mais amplo por liberdade e direitos, que também ressoava com os princípios maçônicos de igualdade. Em algumas situações, os líderes farroupilhas reconheceram a contribuição significativa dos lanceiros negros, embora a real igualdade e os direitos plenos para esses soldados fossem limitados mesmo após a guerra.
A Maçonaria também foi fundamental para o término da guerra. Com a assinatura do Tratado de Ponche Verde, em 1845, que selou a paz entre os farroupilhas e o governo imperial, muitos maçons atuaram como mediadores, utilizando suas redes de contatos e influência para convencer os líderes a buscar uma solução pacífica. O diálogo e a busca pela conciliação, pilares da filosofia maçônica, foram essenciais para encerrar o conflito e restaurar a ordem na província.
Em suma, a Maçonaria não apenas influenciou a Revolução Farroupilha em termos de liderança e ideologia, mas também contribuiu para a sua resolução pacífica, ajudando a moldar o futuro do Rio Grande do Sul. Os símbolos presentes na bandeira continuam a recordar essa rica herança e a importância dos valores maçônicos na construção da identidade gaúcha.
Por fim, a quem diga, que em um último encontro entre os maçons antes do dia 20 de setembro, mesmo ao se preparar para uma revolução, com todas as incertezas e riscos que isso envolve, conseguiram arrecadar uma quantia de dinheiro que sem negativas, não se hesitou em destinar o valor a um dos destinos mais nobres que se poderia imaginar naquela época: a libertação de um escravo. Conforme o estudo conta, o conceito era de que não existem liberdades grandes ou pequenas; existe simplesmente a Liberdade. Aqueles maçons decidiram combater a tirania em prol da Liberdade, sem esquecer o dever de lutar pela libertação dos que estavam ainda mais aprisionados do que eles: os escravos. Enquanto a escravidão persistia, os maçons faziam o que estava ao seu alcance: libertar um a um. Essa atitude nos ensina uma valiosa lição: por mais impossível que uma causa possa parecer, e por mais difícil que seja enfrentar o que parece inabalável, sempre há algo que podemos fazer. Poucos podem realizar muito!
Mais não falo∴apenas reflito∴
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