O fim da obrigatoriedade das máscaras finalmente chegou. Hoje, ela é exigida em poucos ambientes. Nos últimos dois anos, sonhamos com a possibilidade de poder sair sem ter que esconder o rosto. Ela se tornou um objeto indispensável. Ganhou cores, formas e ajudou a gerar renda para muita gente na pandemia. Mas e agora? Você se sente bem sem utilizar a máscara perto de outras pessoas? Apesar do alívio gerado, percebi em ambientes que circulei que nem todos se sentem a vontade para retirar o acessório. Posso dizer que até me surpreendi pelo número de pessoas que ainda usam, mesmo em espaços abertos.
Assim como tivemos que vencer resistências e até sanções foram adotadas para que todos utilizassem o item que promovia alguma barreira para o vírus, agora aos poucos, vamos retornando a normalidade. Mas em meio a tudo isso, algumas pessoas passaram a utilizar a máscara não só como proteção, mas deram a ela outras funções. Assim, como os super-heróis utilizavam mascara para esconder sua identidade, para algumas pessoas as máscaras foram usadas também para esconder o rosto, e suas expressões. Seja por uma função “estética” para esconder o que não lhe agrada, como para fugir do julgamento estético, a máscara “protegeu” as emoções de algumas pessoas. Deixando-as mais seguras para se comunicar com os outros.
No entanto, ter parte do rosto coberto acaba por mudar a forma como interagimos socialmente, e como através da mímica facial, o cérebro recria e espelha as experiências emocionais das pessoas. Será que de alguma forma a empatia que temos com os outros não pode ser afetada? Ainda mais no caso das crianças que passaram a ver mais expressões de olhos do que da parte inferior da face?
Cada um deve organizar como vai agir daqui para frente. Mas o que deve estar bem claro, é que não podemos viver buscando atender as expectativas dos outros. A angústia de desnudar a fase vai acontecer, mas aos poucos a adaptação vai sendo feita. Pessoas com algum transtorno podem ter mais dificuldade. O medo do contágio pode vir com maior intensidade para pessoas com TOC (transtorno obsessivo compulsivo) ou transtorno de ansiedade. Para retirar a máscara de forma total, elas precisam de certeza de que não haverá contágio, mas na realidade isso não é possível se afirmar.
Seja retirar de uma forma mais rápida a máscara quanto de forma gradativa, cada um terá seu próprio tempo para isso. Não se forçar a parar de usar devido aos outros, bem como se acomodar e sentir que o simples pensamento da retirada da máscara causa algum sofrimento também não é o caminho. A retirada gradativa é um caminho, respeitando seus limites. E se ansiedade for excessiva no processo, é indicado que procure um acompanhamento psicoterápico para superar mais essa mudança e as conseqüências dela na vida.
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