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Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025

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Os festejos juninos e o gaúcho

Devemos ser, sim, contrários à mistura de costumes de caipiras e gaúchos...

Os festejos juninos e o gaúcho
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O folclore é o conhecimento popular, tudo o que vem do todo, no folclore percebemos a identidade social de um povo, através de atividades culturais, transmitido de geração a geração.

Já explicamos que o folclore envolve música, dança, festas populares, artesanato, brinquedos e brincadeiras, crendices, lendas, religiosidades, usos e costumes, entre outros.

Entre esses festejos que acontecem de forma sazonal, estabelecendo uma frequência fixa, temos as festas juninas.

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De origem religiosa, como a maioria dos folguedos, as Festas Juninas, que vêm de uma cultura milenar e através da oralidade e da literatura foram passadas às gerações, sofreram alterações com o passar dos anos e incorporaram mudanças culturais. Segundo os historiadores, os folguedos fazem parte da cultura popular e do folclore brasileiro. A “festa joanina”, em referência a São João, foi trazida pelos colonizadores portugueses e logo se tornou festa junina. E, por isso, continuam nas mais diversas manifestações, com as comidas típicas, brincadeiras, músicas e as fogueiras.

No Rio Grande do Sul as festas de junho estão ligadas ao solstício de inverno e são quatro, os santos do mês: Santo Antônio (13), São João (24), São Pedro e São Paulo (29). São festas importantes no calendário gaúcho e sua alegria não tira a seriedade das comemorações.

Paixão Côrtes tem um livro inteiro focado nas comemorações dos Santos do mês de junho, explicando as diferenças, tipos de fogueira, comidas típicas, louvações,

Conforme consta no livro “Folk Festa e Tradições Gaúchas”, publicada pelo Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (IGTF), “não devemos ser contra a festa caipira, dentro dos princípios tradicionais e corretos. Devemos ser, sim, contrários à mistura de costumes de caipiras e gaúchos em festas juninas. E mais, contra a pretensa substituição pura e simples da festa caipira por festas gauchescas. Se nós gaúchos, temos uma tradição e cultuamos, também os caipiras possuem a sua, e a mesma deve ser respeitada, pela sobrevivência do folclore nacional, em suas puras manifestações. ”

Santo Antonio - em alguns municípios como Mostardas e Tavares, manifestam-se os Ternos. Acende-se uma fogueira no entardecer do dia 13, e a partir daí, realizando as costumeiras provas de amor, jogo de prendas e salto sobre as brasas. Considerado o santo casamenteiro existem muitas simpatias para arranjar um amor.

São João - é a mais popular do Estado. As fogueiras são acesas na tarde do dia 24, às 18 horas, “hora da Ave Maria”. A comida é galinha frita, assada ou com arroz, a batata-doce, o pinhão, o amendoim, a pipoca, a canjica, os doces campeiros. Bebe-se cachaça, quentão, jacuba (bebida engrossada com farinha de mandioca, pode ser café, cachaça, depende da região) ou capilé (suco de limão, vinho tinto, água e açúcar). Explodem-se foguetes para “acordar” o santo, já que ele dorme no céu. . Em São Borja, realiza-se anualmente a festa de São Joãozinho Batista. Lá e no interior de Sobradinho, ocorre o “caminhar sobre as brasas” com os pés descalços.

São Pedro - o santo guardião das chaves do céu, é o padroeiro do Rio Grande do Sul (e de Cacequi). Conhecido como o “santo do tempo”, um homem humilde apóstolo de Cristo e fundador e primeiro Papa da Igreja Católica. Considerado protetor dos pescadores e das viúvas. Depois de sua morte foi além de se tornar o porteiro do céu foi atribuída a responsabilidade de fazer chover.

E tu sabias que cada santo tem o formato da fogueira diferente? A de Santo Antônio é quadrada, a de São João é redonda e a de São Pedro é triangular. Essa característica sobre o formato das fogueiras quase sempre cai nas provas de Cirandas e Entreveros. Acesas para afastar os maus espíritos para os pagãos e trazer bons presságios para os cristãos, conta-se que a mãe de São João acendeu uma fogueira para anunciar o nascimento do filho. A fogueira é, portanto o centro da festa reunindo todos ao seu redor.

A influência brasileira, na tradição da festa, se deu especialmente na alimentação, quando foram introduzidos o aipim (mandioca) e o milho. A quadrilha fora acrescentada pelos franceses, que trouxeram os passos e marcações inspirados na dança da nobreza europeia, assim como os fogos de artifício foram trazidos pelos chineses. A dança de fitas, muito cultuada no sul do Brasil, teria sua origem em Portugal e Espanha.

Diante de todo este contexto histórico e cultural gostaríamos de trazer uma reflexão: Como nós (gaúchos/ gaúchas), estamos realizando as festas juninas nas escolas, clubes, praças, núcleos familiares?

E os CTGs, comemoram a festa dos santos de junho? Se não estão, deveriam, afinal um dos santos festejados é o santo padroeiro do nosso estado, que já se chamou Rio Grande de São Pedro do Sul.

Os festejos juninos devem ocorrer com o uso dos nossos trajes típicos, ou seja, a pilcha gaúcha, sem remendos nas bombachas, sem pinturas no rosto, sem chapéu de palha, sem camisas enxadrezadas, etc. Temos também a nossa culinária típica: arroz de carreteiro, paçoca de charque e de pinhão, arroz doce, pratos com carne de ovelha, galinha encilhada, sapecada de pinhão e por que não, o churrasco. Pipoca, batata-doce, rapadura de amendoim, pé de moleque, pão de ló e pão de milho, são pratos indispensáveis.

Ao invés de fazer algo típico de outra cultural, como o baile e casamento caipira, por que não dançar o pezinho, o balaio, o maçanico ou então, as danças gaúchas de salão, sem fantasias? Há muitas brincadeiras que podem ser resgatadas, como o pau de sebo, a dança da batata, a corrida do saco, as corridas do casal, do bastão e da colher. Pode-se declamar, cantar, contar causos. As bebidas típicas são o quentão, o vinho, o pula-macaco, a concertada, o ponche e a jurupinga.

Vamos fazer uma festa junina típica gaúcha?

 

                          “Que o maior presente entre as pessoas,                                                                                                                                               sejam a bondade e o amor fraterno!”

                                    Mário Terres e Tainara Moraga

 

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